Compras brasileiras de arroz vão causar escassez na Bolívia, diz Morales
O presidente pediu que os camponeses bolivianos semeiem um hectare e meio a mais de arroz: um para o mercado interno, outro para o consumo familiar.
A Bolívia vai começar a sofrer desabastecimento de arroz devido ao aumento das exportações para o Brasil e, além desse produto, também vão faltar açúcar e trigo, que têm tido suas áreas de cultivo voltadas para a crescente demanda mundial de biocombustíveis e não mais para a alimentação. As afirmações são do presidente boliviano, Evo Morales.
– Nos informaram que há empresários, comerciantes do Brasil, que já estão em Santa Cruz, estudando como colher e levar o arroz. O que vai acontecer depois? Vai faltar arroz – afirmou Morales no domingo, numa entrevista coletiva em Cochabamba, sem entrar em maiores detalhes.
O presidente pediu, por esta razão, que os camponeses bolivianos semeiem um hectare e meio a mais de arroz: um para o mercado interno, outro para o consumo familiar.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas, a Bolívia possui 2,3 milhões de hectares de arroz cultivados –70% deste total estão em Santa Cruz– e até 2005 a produção atingiu 480 mil toneladas.
O alerta do presidente sobre uma possível escassez de arroz na Bolívia foi rechaçada pelo presidente da Câmara Agropecuária do Oriente (CAO, privada), Maurício Roca, informou nesta segunda-feira o jornal La Razón.
– O inventário existente neste momento de arroz daria perfeitamente para cobrir a demanda nacional – afirmou o empresário da CAO, instituição que reúne produtores agroindustriais da rica província de Santa Cruz.
O presidente também advertiu que a Bolívia sofrerá, no futuro, com a falta de trigo e açúcar, produtos que estão sendo destinados à fabricação de biocombustíveis, em vez de serem usados como alimentos.
– A questão do biocombustível já começa a ser sentida não só na Bolívia, mas em toda a América Latina – alertou Morales.