Congresso aborda manejo de doenças e pragas da cultura do arroz
IX Congresso Brasileiro do Arroz Irrigado acontece em Pelotas, RS, abrangendo as tecnologias ligadas à cultura irrigada.
O IX Congresso Brasileiro do Arroz Irrigado (CBAI), iniciou o dia de trabalho, nesta quarta-feira, 12 de agosto, com foco numa programação técnico-científica que tratou das questões de manejo de pragas e doenças nas lavouras, e especialmente, nas lavouras de arroz.
O evento está acontecendo em Pelotas/RS, a capital da cultura e com tradição em orizicultura. A realização do evento é itinerante e bianual e tem como promotora a Sociedade Sul Brasileira de Arroz Irrigado, a Sosbai, e co-promoção da Epagri/SC, Irga, UFPel, UFRGS, UFSM e Prefeitura Municipal de Pelotas. A realização é da Embrapa.
A programação técnico-científica do IX CBAI foi pensada durante dois dias em sessões de palestras realizadas de forma simultânea. Como o evento tem um caráter de valorização da história e cultura do município de Pelotas, todas as sessões foram realizadas no entorno da Praça Coronel Pedro Osório, centro que abriga os casarões históricos e patrimônio cultural da cidade – Teatro Guarany, Biblioteca Pública de Pelotas, Salão Nobre da Prefeitura Municipal e Faculdade de Tecnologia Senac. Durante os dias 12 e 13 de agosto, a nona edição do Congresso, vai conduzir 16 palestras e apresentar 294 trabalhos, sendo 64 na forma oral e 230 na forma de pôster.
Sobre as palestras do primeiro dia
As quatro sessões de palestras simultâneas desta quarta-feira, 12 de agosto, foram marcadas por discorrer sobre doenças e pragas que tem acometido as lavouras de arroz, trazendo experiências de várias localidades do país, assim como, de situações vividas em outros países.
A sessão de Manejo das Doenças foi ministrada pela pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão (Goiânia/GO), Marta Filippi. A palestra com tema a Incidência de Brusone (Pyricularia) na cultura do arroz, aconteceu na sala da Faculdade de Tecnologia Senac (Pelotas/RS).
Brusone (Magnoporthe Onzoe) é uma doença que possui avanço rápido, varia conforme as condições climáticas, com durabilidade de cinco a dez dias, dependendo da resistência da cultivar. Além da doença que ataca o arroz, foram abordados assuntos históricos, como a Febre do Arroz, surgida em 1637.
De acordo com o mediador da palestra, Cláudio Ogoshi, pesquisador do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), a brusone é a principal doença do arroz no mundo e tem aumentado no Rio Grande do Sul. Problemas técnicos, aplicação de fungicidas e falta de variedades suscetíveis tem influenciado na expansão da doença.
A palestra Manejo de insetos em arroz no cenário de Mudanças Climáticas foi apresentada pelo entomologista Michael O. Way, da Texas A&M University, dos Estados Unidos ao compor a sessão Manejo de Insetos e outros Fitófagos. Embora, não seja especialista em mudanças climáticas, as vem observando no seu estado de origem, o Texas. Para ele o grande desafio do seu país está nas oscilações climáticas, pois há períodos intensos de muitas chuvas e épocas de muita seca nestes últimos anos.
“A população do Texas, tende a crescer 25% ate 2030 e nosso desafio será a falta de água”, alertou. Ele também elencou os principais insetos que foram controlados no país norte-americano, através de novas ferramentas de controle de pragas ao utilizar tratamentos com químicos que deram bons resultados.
Ele comentou que eles não costumam utilizar o controle de pragas com inimigos naturais. “Precisamos de respostas imediatas”, enfatizou Michael. Ele possui também estudos com pássaros que trazem problemas às lavouras. “Usamos repelentes não-tóxicos”, falou. A palestra ocorreu no Salão Nobre da Prefeitura Municipal.
O Teatro Guarany recebeu a sessão sobre Manejo de Plantas Daninhas. A palestra do doutor Eric P. Webster, da Louisiana State University (LSU), teve como tema o Manejo de plantas daninhas no Sistema de Produção de Arroz na Louisiana. Webster, que atua nas áreas de pesquisa, extensão, administração e ensino, apresentou um breve histórico de desenvolvimento de herbicidas.
Ele ainda comentou que nos Estados Unidos, o custo de herbicidas por hectare varia entre 80 e 200 dólares, fator que não deve ser motivo para os produtores tentarem reduzir o uso dos produtos, pois posteriormente o ganho será proporcional ao investimento.
Durante sua fala, o palestrante apresentou o sistema de arroz Provisia, resistente a herbicidas. Os melhores resultados estão acontecendo em Louisiana, região onde não há programas de produção padrão.
O conselho de Webster é: ser agressivo. Se necessário, misturar herbicidas para que o controle seja o mais eficaz possível, gerando maior índice de produtividade. Além disso, procurar remover a erva o mais cedo possível, para que o arroz possa crescer sem disputar espaço e luz com as daninhas.
A sessão responsável para a discussão sobre o Fitomelhoramento na Cultura do Arroz contou com a palestra de James Taillebois, do Centre de Cooperátion Internationale em Recherche Agronomique Pour le Développement (Cirad), que falou aos participantes sobre as variedades híbridas: Mitos, verdades e perspectivas na adoção de híbridos.
Em sua fala, o palestrante derrubou alguns tabus com relação à produção deste tipo de cultivar e destacou a superioridade dos híbridos em sistemas com gestão bem planejada. De acordo com Tallebois, algumas das principais críticas feitas aos híbridos estão na qualidade dos grãos e valor das sementes, o que de acordo com ele, não é um limitante para o uso deste tipo de cultivar.
“O importante não é preço da semente, mas o que você vai ganhar com ela”, ressaltou. Atualmente, dominar a produção de sementes é uma das preocupações para a ascensão dos híbridos. Pensando isso, o Cirad e seus parceiros estão avaliando quatro tecnologias alternativas para este fim.