Consumo e exportação: grandes desafios

Mais produção exige mais mercados ao RS.

Em busca da sua susten-tabilidade, a lavoura de arroz do Rio Grande do Sul conseguiu aumentar a sua produtividade, reduziu parcialmente seus custos, diminui o impacto ambiental a cada safra com a adoção de técnicas inovadoras e agora luta para conquistar mais mercados. Dentro desse contexto, dois rumos são traçados como vitais para a lavoura gaúcha e direcionam muitos esforços do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) dentro do Programa Arroz RS: a busca de mercados internacionais para exportação de arroz e o aumento do consumo interno, principalmente com o uso de derivados.

“Num momento em que a lavoura enfrenta uma das suas piores crises de preços dos últimos 30 anos, é vital para a cadeia produtiva gaúcha encontrar novos mercados e ampliar o mercado interno”, reforça o diretor comercial e industrial do Irga, Rubens Pinho Silveira. Dois projetos específicos foram criados dentro do Programa Arroz RS para atender a essas demandas. O Projeto Exportação trabalha em várias frentes. Dois convênios já foram assinados: um com o Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) e outro com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Além disso, o Irga já apresentou ao Governo brasileiro um dossiê sobre as distorções provocadas pelos subsídios norte-americanos ao mercado internacional, principal-mente com prejuízos ao Mercosul, e espera que seja estabelecida uma negociação bilateral. Também realiza estudos na área de desoneração fiscal e identificação de mercados e demandas do mercado internacional, como forma da cadeia produtiva encontrar meios de exportar. “O problema é que o real supervalorizado está atrapalhando as exportações”, afirma André Nassar, do Icone.

No ano passado, o país exportou 400 mil toneladas frente à média histórica de 20 mil. Para este ano, a expectativa é menor exatamente por causa do câmbio. André Nassar acredita que o mercado africano ocidental pode ser o principal destino para o arroz gaúcho, e a possibilidade de aproximação entre os governos e o setor privado, criando contatos, metas de compromissos e definição de volumes, deverá facilitar essas transações. Segundo Nassar, as exportações de curto prazo foram incentivadas pela desvalorização do câmbio e os baixos preços praticados no mercado interno. Para ele, as estratégias devem ser analisadas com foco no médio prazo, através de ações estruturadas dos setores produtivo, comercial e político. Também defende a união do Brasil com outros países exportadores, como o Uruguai e a Argentina, para contestar com eficiência os subsídios dos Estados Unidos.

 

CONSUMO

Com foco no aumento do consumo interno, o Programa Arroz RS, do Irga, desenvolve o Projeto Aumento de Consumo do Arroz. A partir do final de 2005, o instituto investiu pesadamente em mídia, com propagandas criativas sobre os benefícios nutricionais do arroz, para a saúde e também como o principal prato da cesta básica brasileira. Além disso, criou mecanismos para estar presente em feiras e eventos com dois trailers – um deles uma cozinha – para a elaboração de pratos à base de arroz e seus derivados. Convênios com as universidades federais de Pelotas, Santa Maria e Rio Grande garantiram o desenvolvimento de novos pratos, projetos e usos do cereal e seus derivados e trabalhos de pesquisa, que hoje são difundidos em cursos de gastronomia e nas faculdades de Nutrição, Endocrinologia, Educação Física, entre outras. Em abril, o instituto também contratou a mestra em nutrição Angélica Magalhães, com experiência na inclusão de farinha de arroz em pratos normalmente com 100% de farinha de trigo. Essa experiência, direcionada à população escolar e prisional, gerou grandes resultados do ponto de vista nutracêutico e de aumento do consumo em Santa Catarina. A experiência será repetida no Rio Grande do Sul.

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