Consumo em xeque
Só uma revolução nos
hábitos alimentares e
na indústria faz crescer
a demanda por arroz
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Usando os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estudo “Projeções do agronegócio, Brasil 2018/19 a 2028/29”, desenvolvido pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em parceria com a Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), indica que nos últimos anos ocorreu tendência de decréscimo do consumo de arroz no Brasil. A demanda anual passou de 12 milhões de toneladas no triênio 2013/2015 para 11,5 milhões de toneladas no triênio 2017/2019. Nesta temporada, a previsão é de 11,2 milhões de toneladas. Na safra 2028/29, 11,07 milhões.
Num caso excepcional, sob uma produção de 18,764 milhões de toneladas e uma exportação de 3,7 milhões, o consumo poderia evoluir para 14,88 milhões de toneladas, segundo os cálculos do Mapa. Mas a expectativa mais próxima da realidade é de que o consumo de arroz nos próximos anos deve diminuir ou, na melhor das hipóteses, ficar praticamente estável. A trajetória de queda per capita do consumo e uma certa estabilização do crescimento demográfico devem ser responsáveis por essa realidade.
Segundo técnicos da Embrapa, o indicativo projetado parece adequado à realidade atual, ainda que os cálculos de consumo aparente per capita tenham demonstrado queda nos últimos anos. Para mudar essa tendência de longo prazo, somente se o Brasil conseguir desenvolver novas formas de utilização e usos de arroz pelos consumidores, como produtos elaborados a partir de grãos de arroz, o que depende de pesquisa e desenvolvimento e, sobretudo, da indústria se interessar pelo assunto, fato que não se percebe hoje, segundo eles.
A redução do consumo tem refletido na produção interna de arroz. Nas últimas seis safras houve redução produtiva: de 12 milhões de toneladas em 2014 para 10,5 milhões em 2019. Mesmo no Rio Grande do Sul, principal produtor, tem ocorrido uma queda no volume colhido nos últimos três anos. Apesar da menor oferta também na zona irrigada, o arroz de sequeiro mantém uma tendência mais forte de enxugamento da superfície semeada e, por conseguinte, de resultados nas safras. “Isto ocorre principalmente no Mato Grosso, o principal estado produtor”, finaliza a publicação do Mapa.