‘Containergeddon” leva exportadores de arroz de volta aos navios graneleiros
(Por Planeta Arroz*) Os comerciantes de alimentos estão mudando de contêineres de volta para navios de granéis sólidos para transportar açúcar refinado e arroz, na esperança de evitar atrasos nos embarques causados pela escassez de contêineres e congestionamento portuário que a indústria está chamando de “contenção”, de acordo com comerciantes. Outros chamam de “conteinergeddon”, em alusão ao Armageddon. O transporte baseado em contêineres tem sido atingido por custos e atrasos altíssimos em meio à crescente demanda de de embarque, enquanto os terminais de contêineres nos portos lutam para lidar com o fluxo e estrangulamento do sistema.
No passado, commodities como açúcar refinado, café, arroz, algodão e cacau passaram de cargas de granéis sólidos para contêineres, pois esse modelo é mais prático e oferece bom controle de qualidade. Mas agora os transportadores estão fazendo o caminho inverno, pelo menos temporariamente.
“Cerca de 80% do comércio de açúcar refinado mundial era feito em contêineres antes da pandemia. Hoje, caiu para cerca de 60%”, disse Paulo Roberto de Souza, presidente-executivo da Alvean Sugar SL, maior trader de açúcar do mundo. Segundo Souza, a mudança só não é maior porque não há muitos navios pequenos disponíveis no mercado.
Dados da agência marítima Williams sobre movimentação portuária no Brasil, maior exportador mundial de açúcar, mostram que o volume de açúcar refinado transportado em contêineres caiu 48% em junho e julho (último dado disponível) em relação ao ano anterior.
Bob Cymbala, proprietário da trader de alimentos A&J Global USA, com sede em Vancouver, disse que alguns clientes estão recusando ofertas devido aos altos preços do frete em contêineres, procurando alternativas de envio.
Um de seus clientes, um exportador de arroz na Índia, está procurando usar uma carga a granel para enviar para a África Ocidental um volume de arroz equivalente a 10 contêineres cheios.
Os exportadores de café ainda não cogitam a troca de contêineres, além das dificuldades, principalmente por preocupações com a qualidade. Dizem que os recipientes, com forro adequado, preservam melhor as características do café, como cheiro e sabor.
ARROZ
Nos últimos 60 dias, num esforço de indústrias gaúchas e tradings, dois navios somando 3,5 mil e 7 mil toneladas de arroz branco foram embarcados para o Peru com o carregamento em porão de navio. A experiência, que tornou-se um pouco mais complexa, foi bem recebida pelos compradores a ponto do pool de empresas estar preparando uma remessa demais 14 mil toneladas. Muitos exportadores avaliam que, apesar de também o frete ser caro e as margens muito estreitas, somente com esta modalidade criativa é possível competir com os preços dos concorrentes e não perder de forma mais significativa a participação naquele que é o principal mercado em termos de valorização do arroz de qualidade superior.
Esta semana também surgiu a informação de que o Paraguai se programa para exportações terrestres de arroz ao Peru, via rodoviária, passando pela Argentina e Chile. (Com Marcelo Teixeira, Reuters)