Corede quer casca de arroz virando energia

 Corede quer casca de arroz virando energia

Theonas: projeto para aproveitamento de casca de arroz

Investidores alemães já patrocinaram criação de uma usina no estado e planejam outras duas.

Inútil na maioria dos engenhos de arroz do Rio Grande do Sul, a casca do cereal ganha valorização no mercado de energia elétrica, ideia que o Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) Jacuí Centro está lançando em Cachoeira do Sul e cidades vizinhas. “Queimando casca de arroz em caldeiras, o Engenho Urbano, de São Gabriel, produz toda a energia consumida na indústria”, exemplifica o presidente do Corede, o administrador Theonas Baumhardt.

Cargo em comissão (CC) no gabinete do vice-governador Beto Grill, o administrador destaca também a usina térmica MPC Bioenergia Brasil, de São Borja, onde são queimadas 100 mil toneladas de casca de arroz por ano. A combustão resulta em 12 megawatts de energia, o suficiente para abastecer uma cidade de porte médio (de cerca de 70 mil habitantes). Toda a energia produzida pela MPC – a única do estado movida a casca de arroz – é vendida em leilões do governo federal. A usina foi inaugurada no início do ano passado.

PALESTRA – Theonas visitou a MPC nesta semana e agendou com diretores da empresa uma palestra em Cachoeira nesta terça-feira, às 14h, no auditório da Ulbra. Donos de engenhos de arroz de cerca de 20 cidades da região são esperados no evento chamado de audiência pública sobre o uso de casca de arroz. De acordo com o presidente do Corede, os mesmos investidores alemães que patrocinaram a MPC planejam outras duas usinas de bioenergia para o Rio Grande do Sul. Pelotas e Itaqui estão na disputa e a região de Cachoeira deve ser a terceira candidata. Cada nova usina está orçada em aproximadamente R$ 65 milhões.

Usina de São Borja: produção de energia suficiente para uma cidade de 70 mil habitantes

Estado tem dinheiro para custear projeto técnico

O governo do estado está com edital aberto para fomentar arranjos produtivos locais (APLs) em 28 regiões, sendo a do Corede Jacuí Centro uma delas. Entidades sem fins lucrativos dispostas a reunir empresários para desenvolver projetos técnicos para novos APLs tem até 2 de maio para cadastrarem-se na Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento. As inscrições devem ser feitas pelo site www.agdi.rs.gov.br.
Cada entidade selecionada receberá R$ 100 mil para o custeio do projeto técnico. Cumprida esta etapa e aprovada a proposta pelo Estado, os empresários integrantes do arranjo poderão investir até R$ 1 milhão cada em novo empreendimento, com devolução integral do dinheiro pelo governo do estado. O retorno do recurso aplicado se dará em descontos no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) que o Estado cobra de empresas.

CADASTRO – O projeto da usina de bioenergia deverá ser cadastrado no edital de fomento de APLs pela Fundação Ulbra (Fulbra). O pró-reitor de pesquisas da universidade, Erwin Tochtrop, estará no encontro regional em que o Corede Jacuí Centro lançará a proposta da usina de energia à base da queima da casca de arroz. “Trata-se de um projeto de desenvolvimento regional, uma iniciativa para fortalecer a economia de um conjunto de cidades”, frisa Theonas. Os Coredes sediados em Santa Maria (Central) e Caçapava do Sul (Campanha) estão convidados a integrar o projeto da usina.

Projeto inviabiliza usina de etanol de arroz

A proposta ainda está em fase inicial de discussão, mas se a região ganhar uma usina de bioenergia, perderá a indústria de fabricação de etanol à base de arroz, projeto da empresa Vinema Multióleos, de Camaquã. É que, em paralelo ao etanol, a indústria tem outras duas atividades previstas para Cachoeira, a fabricação de componentes para ração animal com o bagaço do arroz e a produção de energia com a casca do cereal.
Inicialmente, a bioenergia abastecerá apenas a Vinema/Cachoeira, mas a proposta da indústria é comprar casca de arroz de engenhos da região para aumentar a produção e vender energia em leilões do governo federal. “Não teremos casca de arroz suficiente para os dois projetos, por isto um inviabilizará o outro e chegará um momento em que a região terá de escolher entre um dos empreendimentos”, ressalta Theonas.
A Vinema tem planos de, até 2020, construir seis usinas de etanol de arroz no Rio Grande do Sul. A primeira, em Cristal, deve iniciar a fase de obras ainda neste ano. A área para o empreendimento orçado em R$ 120 milhões foi repassada pela Prefeitura à Vinema nesta quarta-feira. A segunda refinaria do grupo está projetada para 2015. A empresa ainda não definiu se a obra será em Cachoeira ou em Dom Pedrito.

ÁREA – Theonas Baumhardt vem reunindo-se com o comando da Vinema desde o final do ano passado e ressalta que, para Cachoeira ficar com a segunda refinaria, basta a Prefeitura providenciar a cedência de uma área de 30 hectares. Em agosto de 2011, o diretor-geral da empresa, Vilson Neumann Machado, solicitou formalmente à Prefeitura a doação de área no futuro distrito industrial do Porto de Cachoeira. O pedido está parado, pois a Prefeitura aguarda a cedência da área do Porto para o governo do estado. A área hoje pertence ao governo federal.

ATENÇÃO

Cristal, Cachoeira, Santo Antônio da Patrulha, Dom Pedrito, Itaqui e Capão do Leão são as cidades que a Vinema escolheu para a instalação das usinas de etanol à base de arroz.

UMA PERGUNTA

Se a região ganhar uma usina de energia à base de casca de arroz, qual a cidade que será contemplada?
“Isto ainda não está definido, mas São Sepé é forte candidata, pois é a maior fornecedora de casca de arroz da região. Só uma das cooperativas de arroz de lá, a Cotrisel, acumula, por ano, em torno de 30 mil toneladas de casca do cereal”, responde o presidente do Corede Jacuí Centro, Theonas Baumhardt.

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