Crise na lavoura de arroz
Levantamento do Irga aponta que 92% dos produtores não terá lucro.
“Pagamos o banco ou as empresas que nos fornecem os insumos. As duas contas não vamos conseguir honrar”, desabafa Pinto Kochenborger, presidente da UCR. Um protesto está sendo organizado e a tendência é de que ocorra no final da próxima semana, caso nenhuma ajuda seja anunciada pelo governo federal.
A pesquisa do Irga sobre a crise foi feita com base nos dados que os produtores repassam sobre a produtividade da lavoura de arroz, que nesta safra apresenta a média de 7.066 quilos por hectare em Cachoeira, o que representa 141 sacos. Ele observa que o custo médio de produção de arroz é de R$ 5.722,19 por hectare.
Se este valor for dividido por 141, o gasto médio para produzir um saco de arroz é de R$ 40,58. Isso está acima do valor de mercado do cereal, comercializado hoje entre R$ 30,00 e R$ 32,00. “Nós estamos cansados de produzir comida para o povo se endividando”, frisa Pinto. Ele cultivou 600 hectares nesta safra e projeta um prejuízo de R$ 1 milhão.
MAIS PRAZO – De acordo com Pinto, um dos principais pleitos dos produtores agora é prorrogar o vencimento das duas primeiras parcelas do financiamento de custeio da lavoura de arroz. O financiamento é para ser quitado em quatro parcelas e o vencimento da primeira delas é no dia 20 de junho. “Queremos jogar as duas primeiras para o final, ficando para outubro e novembro”, explica Pinto.
No Sicredi, que cobra o empréstimo em parcela única, com vencimento em junho, o pleito dos arrozeiros é conseguir mais prazo. “Estamos dispostos a pagar, mas não temos renda e então temos que negociar. Infelizmente, há anos o arrozeiro está quebrando e ninguém faz nada”, lamenta Pinto.
À espera de R$ 9 bilhões
A medida esperada com ansiedade pelos produtores de arroz era a liberação de R$ 9 bilhões de pré-custeio, que chegou a ser anunciada. Porém, de acordo com Pinto, este recurso ficou para empréstimo do governo federal para os arrozeiros. “O problema é que grande parte dos produtores não tem mais produto para vender e depois pagar o EGF. Assim, não temos como acessar este crédito e ficamos sem saída”, observa Pinto. A pressão dos agricultores é para que este recurso seja destinado para pré-custeio, o que dependerá da força política da categoria em Brasília.
IMPORTANTE
O presidente da UCR, Pinto Kochenborger, afirma que a crise dos arrozeiros se agrava com a entrada do cereal produzido em países do Mercosul para abastecer as indústrias do Brasil. “A indústria de São Paulo paga R$ 35,70 pelo saco de arroz do Paraguai, mas eles possuem um crédito presumido de 12% de ICMS. Assim, baixa para R$ 31,00 o seu custo. Aliado a isso, o frete do Paraguai hoje é R$ 2,00 por saco mais barato”, observa Pinto.
ATENÇÃO
A produtora de arroz Stella Luzardo Alves, de Uruguaiana, está mobilizando os produtores da fronteira para protestar contra a crise. “O que estamos passando é desumano, com um alto custo de produção, sem renda e muito endividamento. Se a nossa classe não se levantar, iremos diminuir significativamente a produção, iremos perder patrimônio e, pior, nossa dignidade como seres humanos”, convoca a arrozeira.
UMA PERGUNTA
Onde deve ocorrer o protesto dos arrozeiros?
O presidente da UCR, Pinto Kochenborger, afirma que o local está sendo avaliado e deve ser decidido em conjunto com a Federarroz e a Farsul. “Nós estamos estudando isso. Pode ser em Cachoeira ou Porto Alegre. Mas o certo é que temos de fazer alguma coisa”, observa Pinto. A provável data é o dia 5 de junho, uma sexta-feira.
9 Comentários
É isso, nós levamos este Brasil nas costas ,e é isso que acontecê,temos que esperar pela boa vontade deste governo lento que ta matando a galinha dos ovos de ouro,sera que vai começar tudo de novo,tratoraço, bloqueio,idas a brasilia.Mas se tiver que seja,vamos a luta,vamos nos mobilizar senão vamos todos parar na marra,todos quebrados e endividados.
Pois é pessoal… Mais um ano findado e a sinuca de bico está armada… E o chato segue aqui falando… Ano passado discutíamos aqui nesse espaço que a R$ 37 (isso já em outubro de 2014) não cobriria os custos e um produtor de Rincão dos Cabrais (não lembro o nome) veio aqui e disse que isso não era possível e que dava lucro sim… Pois bem… se o produtor estiver lendo esse comentário gostaria de sabe como está a sua situação hoje… Se o sr. segue lucrando com o arroz com o preço que está hoje??? Com relação aos produtores: O que vão fazer? Protestar? Trancar pontes? Botar tratores na estrada? Caminhonaço? Reescalonamento das dívidas?… Com esse governo restringindo crédito (falei duzentas vezes aqui – quem leu meus comentários que volte no tempo – que em 2015 não ia ter dinheiro e que os juros iam subir) o único caminho a seguir é pressionar o governo para refinanciar essas dívidas com custeios e finames para 10 anos como foi feito em 2010… Isso liberaria o arroz dos custeios para financiar a próxima safra… O problema é que tem muita gente que nem arroz tem mais… Contavam como certo o pré-custeio em maio ou junho para pagar as contas e comprar os insumos… Para esse a única solução é CPRs (2×1) com as indústrias e cooperativas… Dai fica a pergunta meus colegas: – Se de 4 em 4 anos o governo nos dá essas rasteiras e a indústria não quer ser nossa parceira nessa hora (joga a pá de cal) porque seguimos plantando tanto arroz ??? Saudades do Ministro Mendes Ribeiro… VAMOS VERDEJAR AS VÁRZEAS DE SOJA MINHA GENTE !!!
Fazem 38 anos que estou em alegrete 18 anos trabalhei de empregado na lavoura de arroz á 20 anos eu e meu irmão estamos plantando e somos arrendatário como á maioria dos arrozeiros do RS na minha opinião só temos duas saídas uma é exportar mas com á desorganização deste PAIS não vejo grandes avanços a segunda infelizmente é mais crucial temos que diminuir as lavouras assim diminui produção.
Vamos de soja, que se a gente for pra caneta vai ver que esta melhor que arroz(qualquer coisa esta melhor que arroz). Boa sorte a todos eu ja tomei mina decisão. Muita SOJA NELES.(contrato a 73, 00 no porto pra próxima safra.
A saída é parar a produção por uma safra como protesto. Cada um guarda um pouco de arroz para manter a família, demite os funcionários, guarda as máquinas e volta na safra 16/17. E vamos ver quem tem força? E não venham os produtores falar em conta, pq se for coletivo, tem como renegociar.
Não precisa ser tão drástico seu Gilson, 20 % de redução e deu, governo está com estoque zerado, soja é uma possibilidade para implantar na área a ser reduzida, preço internacional está em torno de u$11,00 coloca frete e chegamos perto de r$40,00
Infelizmente estamos na mão de indústrias altamente organizadas que formaram um cartel de formação de preços e classificação de arroz que rebaixa o nosso produto em 5%
Estamos no fundo do poço, acaba de encostar um navio em RG parece que a 35,00 longe de ser bom mas pelo menos o pessoal de fora do país está valorizando mais que o pessoal daqui.
Soja futura 2016 > r$73,50 vamos nos organizar plantar 750-800 mil hectares no máximo junto com soja pra não ofertar arroz na safra
SOJA NA VÁRZEA NELES
Revista Planeta Arroz, fica a indicação de lançarmos a Campanha “Soja Neles”, chega de exploração.
Crise se resolve de duas forma:ECONOMIA ,já esta no limite ,REDUÇÃO DE ÁREA ,este da para fazer , no minimo 10% ,e tem que ser para ontem ,porque amanhã pode ser tarde demais.
Diminuição de area é com certeza uma atitude primordial para estabilizar o mercado mas,porque ninguem fala em diminuiçao de renda de terra e água para os arrendatarios,ou sera o q pagam é barato?numa cadeia produtiva todos devem buscar ajustes mas terra e agua á 35% ou 30 bolsas por ha ja mata a cultura no começo.