Crise reduz ritmo de crescimento do campo

A freada atingirá a produção de milho, soja, trigo, feijão, açúcar, mandioca e de carnes bovina e suína.

A crise financeira global e o clima desfavorável no Sul do país em 2009 provocaram uma redução de 12 milhões de toneladas na estimativa oficial de produção do agronegócio nos próximos dez anos. O recuo na demanda e os efeitos da seca devem impedir um crescimento mais acelerado em dez dos 17 produtos analisados em estudo divulgado ontem pelo Ministério da Agricultura.

A freada atingirá a produção de milho, soja, trigo, feijão, açúcar, mandioca e de carnes bovina e suína. "Tivemos que rever nossas projeções porque houve um impacto significativo desses fatores sobre a produção estimada no estudo anterior", disse o coordenador-geral de Planejamento Estratégico do ministério, José Garcia Gasques.

No complexo carnes, por exemplo, o recuo na demanda internacional derrubou em 22% a previsão de crescimento da produção até 2020. Em dez anos, as indústrias de frango, bovinos e suínos deveriam produzir 37,2 milhões de toneladas de carne, mas chegarão a apenas 30,5 milhões de toneladas, segundo o estudo. O crescimento de 12,6 milhões de toneladas antes previsto, será limitado a 8,4 milhões de toneladas.

No caso dos grãos, deve haver uma redução de 179,8 milhões para 177,5 milhões de de tonelada em dez anos. A produção de milho, soja, trigo, arroz e feijão em 2020 ficaria, segundo as novas previsões, 1,3% abaixo da estimativa anterior.

Ainda assim, indica o novo estudo, haverá elevação substancial na produção nacional de laranja, carne de frango, etanol, algodão, leite, arroz e batata. A projeção aponta, ainda, um forte aumento na produção de papel e celulose. "Deve ser um crescimento baseado em produtividade, expansão de área mínima, de 0,45% ao ano, e uma elevação de 2,7% na produção", afirmou Gasques. O dinamismo de parte do agronegócio será puxada pelo crescimento da demanda do mercado doméstico. "Embora também tenhamos um aumento previsto para as exportações".

O estudo da Assessoria de Gestão Estratégica aponta que haverá um dinamismo maior em sete dos 23 produtos agora avaliados. Na liderança do movimento, devem estar soja em grão, carne de frango, açúcar, etanol, algodão, óleo de soja e celulose.

A piora na previsões para 2020 estão ancoradas no desempenho menos dinâmico de alguns segmentos no ano-safra anterior (2008/09). Na carne bovina, por exemplo, houve uma redução de 55,3% na exportação projetada. Esperava-se embarques de 2,63 milhões de toneladas, mas as indústrias venderam apenas 1,69 milhão de toneladas. A previsão de consumo interno também registrou uma queda de 33% no intervalo: de 8,21 milhões para 6,17 milhões de toneladas. "Por esses dados, fica clara a interferência da crise mundial", afirmou Gasques.

Na projeção do ministério, a safra de grãos (soja, milho, trigo, arroz e feijão) deve crescer 36,7% até 2020, passando de 129,8 milhões para 177,5 milhões de toneladas na safra 2019/20. A produção de carnes bovina, suína e de frango deve manter o padrão, com alta estimada em 37,8% – aumento de 8,4 milhões de toneladas em dez anos. Açúcar, etanol e leite também terão performance dinâmica.

As estimativas para 2020 apontam uma ampliação de 9,6 milhões de hectares nas lavouras do país. A área total deve passar de 60 milhões para 69,7 milhões em 2020. A expansão deve ser concentrada na soja (4,7 milhões de hectares) e cana (4,3 milhões). O milho deve ocupar mais 1 milhão de hectares e as culturas do café, arroz e laranja devem elevar a produtividade, reduzindo a área plantada nos próximos dez anos.

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