Cuba abrirá agricultura ao capital externo
O investimento estrangeiro no caso da agricultura pode ser na produção e estão em análise alguns negócios de arroz.
Cuba está “aberta” para o investimento estrangeiro, e inclusive prevê negociar com novos parceiros nos setores de agricultura e pecuária, a fim de reduzir as importações de alimentos, anunciou ontem a ministra cubana para o Investimento Estrangeiro, Martha Lomas.
Segundo afirmação de Lomas, são falsos os rumores de que houve um fechamento maciço de empresas que operavam em Cuba desde que a ilha se abriu para o investimento estrangeiro na década de 90, em resposta à crise econômica que a afetou após o colapso da União Soviética.
– Isso distorce o que estamos fazendo. O investimento estrangeiro continua. O que chegou ao fim foi a vigência dos acordos com um grupo de empresas pequenas, e as partes decidiram não prorrogar – explicou Lomas para os jornalistas em Havana.
A ministra acrescentou que o governo cubano está sendo “muito mais seletivo”, tentando fazer com que investidores “sérios” aportem capital, mercados e tecnologias.
Investir na produção
– O investimento estrangeiro no caso da agricultura pode ser na produção, e estamos analisando alguns negócios de arroz. Pode ser também em outras áreas pecuárias, que atualmente não recebem investimentos mas poderão receber – disse Lomas.
A produção de alimentos é um dos desafios enfrentados pelo presidente Raúl Castro, que nas últimas semanas lançou reformas que tentam descentralizar o setor, permitindo aos camponeses decidir sobre o que produzir e que insumos comprar, enquanto lhes dá terras em usufruto.
A ilha divulgou em 2006 uma receita recorde de US$ 981 milhões, gerados pelos investimentos estrangeiros, ou cerca de 22% a mais que em 2005, embora tenha havido uma redução no número de empreendimentos mistos nos últimos anos.
Economia mista
Lomas informou que existem atualmente 230 empresas mistas na ilha, ou 162 a menos do que em 2000, quando Cuba se abriu para o investimento externo.
– O que estamos querendo é muito mais seletivo, e buscamos as empresas das quais o país precisa no momento – explicou.
Nos último anos, Cuba priorizou as associações com grandes investidores do exterior em áreas tais como as de energia e de mineração, enquanto recebe financiamento de China e Venezuela, países seus aliados.
Principais investidores
Os principais investidores estrangeiros em Cuba são a empresa canadense Sheritt International, do setor de níquel, a rede espanhola Sol Meliá, no turismo, e a suíça Nestlé, na área de bebidos gasosas, água mineral e sorvetes.
Além dessas, conta com a brasileira Souza Cruz, na fabricação de cigarros, e com a distilaria belga Interbrew, no setor de produção de cerveja.
A franco-espanhola Altadis distribui, desde 1999, os famosos charutos cubanos, e a francesa Pernod Ricard comercializa o rum Havana Club, dois produtos de significativa exportação.