Cultivar da Embrapa dobra área e aumenta a produtividade em Goiás
(Por Embrapa) A cultivar de arroz de sequeiro de terras altas lançada pela Embrapa Arroz e Feijão em 2020, a BRS A502, tem transformado o mapa da produção de arroz no Cerrado no Brasil. Em Goiás, segundo números da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e levantamentos da Embrapa, mostram que a produtividade da cultura aumentou 175%, em sistema irrigado.
A opção de inserir o arroz em sistemas sustentáveis sob pivô central já é uma realidade para os agricultores goianos, apresentando resultados que são surpreendentes. A inserção da cultura nas lavouras sob esse sistema de irrigação aumentou a área plantada de 3 mil para 15 mil hectares, se igualando ao arroz irrigado em espaço e produtividade.
Produtividade chega a quase 150 sacas por hectare. Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Produtividade de cultivar de arroz em Goiás
A BRS A502 tem como principais características: a elevada resistência ao acamamento, ciclo médio, alto potencial produtivo e grãos de excelente qualidade industrial e culinária. Pode ser utilizada em diversas condições de cultivo, incluindo a rotação e a sucessão de culturas em áreas sob agricultura intensiva (terras velhas) nas principais regiões produtoras do Brasil.
Já está presente em todas as regiões do Estado de Goiás: de Cristalina, Água Fria e Luziânia, no Leste, passando por Jussara e Montes Claros, no Oeste; Itumbiara, Rio Verde e Morrinhos, no Sul/Sudoeste; até Nova Crixás e São Miguel do Araguaia, no Norte/Noroeste.
Na Fazenda Paineiras, por exemplo, no Município de Campo Alegre de Goiás, Sudeste do Estado, a colheita foi concluída em 15 de janeiro, atingindo 148,3 sacas/hectare. O grão foi cultivado em sequeiro com pivô central, em sucessão à cultura do alho e a colheita do arroz entregou excelente qualidade de grãos, além de deixar benefícios para a cultura seguinte, que também será de alho.
“Isso é um feito histórico! Nós nunca havíamos percebido uma produtividade tão alta com arroz de sequeiro aqui em Goiás”, afirma Adriano Castro, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão. Para ele, esse sucesso deve-se ao o cuidado com o manejo; o esquema correto de rotação de culturas, que propiciou ambiente ideal; e a escolha da melhor cultivar. “Essa soma permitiu que se chegasse a níveis tão bons de potencial produtivo”, diz.
A excelente qualidade dos grãos da cultivar, tem aberto as portas da indústria para essa nova opção. A BRS A502 é um material que responde bem à alta fertilidade de solo e, quando manejada adequadamente, permite produtividade de quase 150 SC/ha, com destaque para o rendimento total, que chega a 80%, e a percentagem de grãos inteiros de 76%.
“Uma lavoura conduzida com capricho, seguindo recomendações técnicas para rotação de culturas, com entrada do arroz nesse ambiente de pivô, produzirá muito bem, como no caso da lavoura de Campo Alegre de Goiás, com uma rentabilidade de aproximadamente 100 sacas por hectares, já descontando o custo de produção”, afirma Adriano.
A produtividade do arroz em rotação deixa um ambiente muito propício, com alta fertilidade de solo, não sendo necessária a fertilização com os macronutrientes fósforo e potássio, que já existiam como remanescente da lavoura antecessora.
BRS A502 tem excelente qualidade de grãos para a indústria. Foto: Embrapa Arroz e Feijão
Arroz: opção rentável para o agricultor
O analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Arroz e Feijão, Rodrigo Sérgio e Silva, ressalta que os resultados estão consolidando o arroz como mais uma oportunidade direta e ótima opção rentável para o produtor. A cultura tem se mostrado como ferramenta eficiente na revitalização de áreas de produção em pivô, causando efeito virtuoso e entregando aumento de produtividade nas lavouras que venham em sucessão.
O arroz é vantajoso e desejado também pela alta produtividade e o baixo custo dos investimentos, promovendo ganho financeiro maior ou igual aos vários outros cultivos disponíveis. “Tudo está posto e não há necessidade de grandes gastos por parte da cadeia produtiva. O que temos é um arroz como a BRS A502, da Embrapa, que se integra ao sistema de produção e traz sim lucratividade direta”, afirma Rodrigo Sérgio.
Produção de arroz de terras altas no Brasil
Metade das áreas irrigadas por pivô central no Brasil estão localizadas em Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais, sendo esse último o de maior concentração com 550 mil hectares. Cerca de 50% desses pivôs no estado mineiro são terras com mais de 20 anos de uso, o que destaca a adoção do arroz como elemento perfeito para a regeneração dos solos
Municípios como Paracatu e Unaí, que juntos representam 27% de toda a área irrigada por pivô em Minas Gerais, já estão adotando a inserção do arroz no sistema com a BRS A502, o que deve acontecer com as demais áreas do estado.
A Embrapa Arroz e Feijão tem percorrido os Estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso, levando informações técnicas e de manejo aos produtores, sob demanda dos próprios atores da cadeia produtiva e pelos Governo dos Estados, por meio das Secretarias de Agricultura. Veja onde encontrar a cultivar BRS A502 com agricultores de sementes autorizados pela Embrapa.