Cultivo de arroz sequeiro na região do Alto Parnaíba (PI)

 Cultivo de arroz sequeiro na região do Alto Parnaíba (PI)

Autoria: Douglas Osterberg Vojtichwski | Supervisor de Processos Agrícolas/SmartField.

O cultivo de arroz sequeiro no Norte do Brasil vem se tornando uma alternativa agrícola e econômica de grande potencial em relação a outras culturas de verão. O cereal há muito tempo é utilizado como solução para áreas de abertura de Cerrado e contribui na rotação de culturas com a soja, carro-chefe da produção agrícola dessa região.

Um exemplo disso pode ser observado na região do Alto Parnaíba, no município de Baixa Grande do Ribeiro, no Piauí. Na Fazenda Cremaq, pertencente à empresa Brasil Agro, a produção de arroz sequeiro ocorre há três anos, alcançando bons níveis de produtividade. A propriedade utiliza tradicionalmente esse cultivo em áreas novas. São superfícies onde é necessário utilizar culturas que tenham uma altura de colheita um pouco mais elevada devido ao grande acúmulo de tocos e raízes no solo aberto há pouco tempo, que dificultam o corte das colhedeiras.

Após a fase inicial de abertura, com uma grade 28 se realiza a primeira gradagem. Passado este processo, é feita a correção de solo com calcário. Na área que usamos de referência nesse artigo foram utilizadas oito toneladas de calcário dolomítico por hectare, em uma única aplicação, seguido de duas novas gradagens, utilizando uma grade 34, com o objetivo de levantar raízes presentes no terreno e promover a incorporação do calcário.
Este sistema garante a penetração do mineral, visto que a calagem é realizada na época de seca, onde as precipitações são quase inexistentes na região. Concluída a incorporação de calcário, a área está pronta para receber uma tonelada de gesso, que garante o arraste do alumínio para baixo da terra, reduzindo a toxicidade por Al3+ (alumínio fitotóxico), problema recorrente nos solos do Cerrado.

Ainda dentro da preparação para o plantio, é utilizada uma grade niveladora em conjunto com cinco catações de raízes, sendo quatro intercaladas entre as gradagens e uma após o plantio.

A região do Alto Parnaíba possui um regime de chuvas bastante regular, são duas estações bem definidas. De novembro a fim de março as chuvas são bem distribuídas, chegando a 1.200 milímetros. Após esses meses a chuva cessa e a temporada de seca se instala de abril a fim de outubro. Por esse motivo o plantio geralmente começa em meados de outubro, podendo se estender no máximo até o fim de janeiro.

Com a área pronta para o plantio, foram semeados 3.300 quilos de cultivar Bonança, 2.880 quilos da NA Cambará e 4.220 quilos da variedade precoce BRS Sertaneja em áreas de 530, 290 e 180 hectares, respectivamente, acompanhados de adubação com formulação 05-25-15 (NPK). As sementes foram tratadas com os produtos comerciais Derosal Plus e Standack na razão de 200 mililitros para cada 100 quilos por hectare. Além do tratamento, são aplicados 300 gramas de grafite para cada 100 quilos de semente para lubrificação e consequente melhoria da distribuição.

A produtividade alcançou, em média, 52 sacas de 60 quilos por hectare, o que pode-se considerar satisfatório, de acordo com as condições edafoclimáticas da região. Os resultados, dentro do sistema de produção adotado na propriedade, foram amplamente positivos, tanto do ponto de vista do retorno econômico quanto agronômico.

A cultura do arroz é importante e recomendável na rotação de cultura com a soja pelo fato de ser uma gramínea em sucessão a uma oleaginosa. São plantas com ação diferenciada na absorção de nutrientes, capazes de recompor e até melhorar características químicas, físicas e biológicas do solo uma para a outra. Além disso, agregam um fator muito importante ao manejo dos cultivos, com a quebra de ciclo de doenças, pragas e invasoras, favorecendo as ações de controle dos mesmos.

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