De grão em grão, o brasileiro enche o prato

Pesquisa mostra consumo de arroz e
feijão no Mato Grosso acima da média do país
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 Descobrir os hábitos alimentares dos consumidores de Cuiabá e Várzea Grande e estabelecer, a partir deste diagnóstico, ações de incentivo ao consumo de arroz e feijão foi o que motivou o Sindicato Estadual das Indústrias de Arroz do Estado de Mato Grosso (Sindarroz-MT) a apoiar a pesquisa comandada pelo movimento Arroz e Feijão: A Comida do Brasil, sob coordenação dos pesquisadores da unidade de Arroz e Feijão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Federal de Goiás, entre outras instituições.

O trabalho é comandado pelo pesquisador Carlos Magri Ferreira, da Embrapa, e já demonstrou características do consumo na Região Metropolitana de Goiânia, em Goiás. Apesar de localizar-se num estado que em 2017 respondeu, respectivamente, por 5,2% e 10,7% da produção nacional de arroz e feijão (comum+caupi), o Sindarroz-MT entendeu a importância de conhecer os desejos e características que os consumidores esperam desses produtos e financiou a realização da pesquisa/diagnóstico junto aos consumidores nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande em dezembro de 2017.

Os dados obtidos no estudo/diagnóstico de Mato Grosso em relação a Goiás apontam pequenas variações em termos de tipos de arroz e feijão adquiridos: os consumidores mato-grossenses dão menor importância à marca comercial, o número de refeições e lanches feitos em casa em Mato Grosso é menor do que em Goiás, mas, em compensação, maior número de refeições são feitas fora de casa. O percentual de consumidores mato-grossenses que têm percepção de pontos convenientes para manter o consumo desses produtos é maior do que em Goiás.

Segundo Carlos Magri Ferreira, os percentuais são semelhantes nos dois estados quanto à percepção da necessidade de se consumir ao menos uma vez por dia esses alimentos, na indispensabilidade na alimentação das crianças e no entendimento que possuem propriedades nutricionais benéficas à saúde. “Além disso, mais de 90% dos consumidores goianos e mato-grossenses consideram que a manutenção do hábito de consumir arroz e feijão se deve à tradição desses produtos na sociedade e que a ingestão deles faz com que as pessoas se sintam satisfeitas e bem alimentadas, porém contribuem para excesso de peso”, observa.

O consumo per capita por refeição em Mato Grosso de arroz e feijão é maior do que em Goiás. Quanto às doenças, a maioria dos entrevistados não consegue ter clareza da influência do arroz e feijão em relação a hipertensão e diabetes e nas alterações das taxas de triglicerídeos e colesterol.

Os resultados de Mato Grosso, além de subsidiarem as ações a serem desenvolvidas em nível nacional, serão essenciais para nortear o planejamento que será discutido entre as indústrias de beneficiamento e outros atores da cadeia produtiva no estado para ampliar a produção e ampliação na participação de mercados de outras regiões. Talvez por se tratar de alimentos básicos e de real importância cultural, social e nutricional na sociedade brasileira, o setor produtivo e indústrias desses produtos esperaram a intervenção pública para solução de problemas, bem como continuam acreditando que não são necessárias adaptações para atender as transições de comportamento da sociedade.

“O movimento Arroz e Feijão: A Comida do Brasil parte do princípio de que é necessário realizar alterações no relacionamento com os consumidores e tem como premissa que as mudanças e adesões de novos parceiros irão ocorrer paulatinamente, pois não é plantando de grão em grão que se obtém uma grande colheita?”, questiona Carlos Magri Ferreira.

Os dados sugerem que em Goiás e Mato Grosso, quando o arroz e o feijão estão disponíveis na mesa são consumidos em boa porção. Eventual redução seria em virtude dos lanches à noite em substituição ao jantar e as refeições feitas fora de casa, que a pesquisa não detalhou se era lanche ou comida em restaurante. Mas o questionário perguntou se nas refeições feitas fora de casa a quantidade consumida de arroz e feijão é semelhante à das refeições feitas em casa e 60% das respostas de Goiás e Mato Grosso são de que é menor.

OBSERVAÇÃO: Quantidade refere-se somente às refeições feitas em casa

1 = Em Goiás, 75,1% das refeições são feitas em casa, 9,9% são feitas fora de casa e 15% na forma de lanches, sem consumo de arroz e feijão

 

2 = Em Mato Grosso, 69,8% das refeições ocorrem em casa, 20,3% fora de casa e 9,9% na forma de lanches, sem consumo de arroz e feijão

Consumo per capita
de arroz e feijão por refeição em gramas
do produtao sem cozimento

Cuiabano consome mais arroz que o goianiense

3 = Calculado utilizando-se a estimativa de consumo médio per capita no Brasil de 42 quilos/habitante/ano para arroz polido e 15 quilos/habitante/ano para feijão dividindo por 730 refeições (365 dias vezes duas refeições diárias)

Fonte: Carlos Magri Ferreira

A comida do Brasil

O movimento Arroz e Feijão: A Comida do Brasil é uma iniciativa que visa fomentar ações orquestradas e coletivas para incentivar o consumo desses alimentos. A proposta apresentada em várias instâncias das cadeias produtivas contém três etapas.

A fase inicial é constituída de estudos/diagnósticos, pretendendo obter elementos balizadores das reais necessidades dos consumidores. Na segunda fase, os resultados da pesquisa deverão ser avaliados por equipes multidisciplinares específicas do tema a ser tratado. A terceira etapa é produzir informações customizadas aos diferentes perfis consumidores brasileiros.
No entanto, os desdobramentos não estão ocorrendo na velocidade que se imaginava. Ainda assim, as dificuldades não foram suficientes para paralisar as instituições que acreditam na validade social e econômica do movimento.

No ano passado foi realizada a pesquisa com consumidores na Região Metropolitana de Goiânia. Recentemente foi publicado “Farinha de arroz: alternativa alimentar e econômica”, que está disponível para download no portal da Embrapa Arroz e Feijão. Estão ocorrendo negociações entre a Embrapa e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) para formalizar um acordo de cooperação técnica para dar continuidade do movimento em todo território nacional.

Irga, Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás e Embrapa estão elaborando uma publicação abordando aspectos nutricionais e funcionais do arroz e feijão, principalmente de pontos identificados nas pesquisas realizadas em Goiás e Mato Grosso.

 

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