De olho na parceria com a China, RS quer exportar arroz

Política fundiária, agricultura familiar e cooperativismo da China podem ser objeto de parceria com RS.

Os chineses e os gaúchos tem estreitado bastante os laços nesta Expointer, com a assinatura de termos de cooperação entre os governadores Germano Rigotto e Chen Deming, da província de Shaanxi, que ajudará no processo de troca de experiências e comércio exterior.

Nesta parceria, também poderão ser incluídas as cooperativas gaúchas, através de proposta levada pelo secretário da Reforma Agrária e Cooperativismo, Vulmar Leite, a Chao Chih Yung, representante oficial do governador de Shaanxi, que precisou retornar à China na sexta-feira. A reunião foi realizada na casa do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) na Expointer.

Segundo o secretário Vulmar Leite, além de intercâmbio de informações sobre o cooperativismo chinês, existe ainda uma demanda de informações sobre o processo de desenvolvimento das pequenas propriedades daquele país.

– O Brasil está seguindo no processo inverso ao da China, que já experimentou o fracionamento das propriedades, e agora está se reagrupando. Queremos conhecer a experiência e os motivos das mudanças, para não repetir erros e, sim, aprender com quem já passou pelos dois processos – explicou.

Chao Chih Yung confirmou que, efetivamente, a China está modificando sua estrutura fundiária, e não apenas isso.

– Antes era tudo do governo, agora, é particular. Importante é a produtividade – relatou. Ana Luiza Costa, da Secretaria de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais (Sedai), que acompanha a comitiva, ajudou o representante na explicação do cenário chinês.

– Eles constataram que as pequenas propriedades atingiram o seu potencial máximo, não tem mais como crescer- relatou. Na China, a capacidade de aumento de produção está diretamente ligada a um novo modelo que tende à unificação das propriedades, e, neste sentido, é uma forma de cooperativismo.

De acordo com Ana Luiza, a agricultura era o setor que menos crescia antes desta mudança de perspectiva. Chao Chih Yung se dispôs a encaminhar a proposta ao governador Chen Deming.

Grac e Irga

Durante a reunião, eles conheceram o arroz típico gaúcho e o fabricado segundo o paladar da China.

– Acho que gostei mais deste – surpreendeu Chao Chih Yung ao apontar para o arroz preparado para o consumo brasileiro.

A surpresa foi devido à pesquisa realizada com os chineses que estão trabalhando em parceria com o Irga no desenvolvimento do arroz para exportação, pois eles consideraram o arroz preparado no Brasil muito mais salgado do que aquele a que estão acostumados.

– Eles utilizam outros tipos de tempero, e menos gordura – relatou o técnico do Irga Gilberto Wageck Amato.

Segundo Amato, a equipe chinesa, quando retornar de Alagoas, onde desenvolvem pesquisas durante o inverno gaúcho, poderão auxiliar a desenvolver a parceria entre o governo chinês e o Grac.

Estiveram presentes ainda à reunião o presidente do Irga, Pery Sperotto Coelho, o diretor técnico agrícola Maurício Fischer, o deputado federal Luiz Carlos Heinze, o presidente da Emater, Caio Rocha, além do advogado Miguel Prietto dos Santos, que faz a intermediação entre Irga e o representante chinês. Eles ajudaram a contextualizar a importância econômica do arroz produzido no Rio Grande do Sul. Atualmente, 25% da produção da América Latina é brasileira, e 50% do arroz brasileiro é produzido no RS.

– O clima temperado facilita a produção de alta qualidade, e o convênio que realizamos com a faculdade de economia da Ufrgs irá nos ajudar a traçar um perfil voltado para o comércio exterior. Temos potencial de cultivo em 3 milhões de hectares, e hoje produzimos apenas 1 milhão de ha, a potencialidade é enorme – completou o presidente do Irga

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