Década de avanços

Em 10 anos, área de arroz, produção e importações vão crescer. Consumo cairá

Nos próximos 10 anos, o Brasil experimentará um substancial crescimento da produção (29%), das importações (40%) e da área cultivada com o arroz (20,4%), mas registrará a queda de 1,4% do consumo do grão. As informações resumem o estudo Projeções do Agronegócio do Brasil – 2023/24 a 2033/34, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em relação ao crescimento do volume das colheitas, a dimensão das áreas e também a evolução das produtividades, a notícia é boa, mas preocupa a divergência dessas informações com a reação negativa do consumo, em 1,6%.

Os números são recebidos sem muita surpresa pela cadeia produtiva, que não leva ao pé da letra esses resultados. Trata-se, segundo alguns representantes do setor, de uma projeção alicerçada em uma base de dados que teve um período de forte retração nas últimas décadas, e isso pode distorcer o resultado futuro.

Para o Ministério da Agricultura, a queda da produção e da área de arroz e feijão tem levado à preocupação devido à importância desses alimentos para a população brasileira. “Nos últimos 10 anos, o consumo de arroz reduziu-se em quase um milhão de toneladas. Passou de 11,8 milhões de toneladas em 2013/14 para 11 milhões em 2023/24”, apontou o estudo. O relatório governamental também reforçou que o Rio Grande do Sul produziu, sozinho, 67,6% da safra 2023/24.

Para o feijão, parceiro quase inseparável do arroz, o consumo tem sido por volta de 2,85 milhões de toneladas, mas também é uma quantidade menor do que em anos anteriores. Paraná e Minas Gerais são os principais produtores de feijão. Representam 41,5% da produção nacional. Bahia, Goiás e Mato Grosso são outros importantes fornecedores.

Para ambos os produtos, considerados fundamentais para a segurança alimentar do país, as projeções do próximo decênio indicam estabilidade do consumo, com ligeira tendência de contração. “As projeções das colheitas indicam para o arroz estabilidade, em torno de 10,8 milhões de toneladas, podendo, inclusive, haver importação de pouco mais de dois milhões de toneladas anuais nas próximas temporadas”, disse o relatório.

Fique de olho
O estudo das projeções do agronegócio analisa as tendências do comportamento produtivo de grãos, fibras e frutos do Brasil para o próximo decênio com base nas performances desde 1994 e, também, nos fatores econômicos, setoriais e conjunturais. O trabalho procura indicar direções do desenvolvimento e fornecer subsídios aos formuladores de políticas públicas quanto às tendências dos principais produtos. Os resultados buscam, ainda, atender a vários usuários dos diversos setores da economia nacional e internacional, para os quais as informações ora divulgadas são de enorme importância. As tendências indicadas permitirão identificar trajetórias possíveis, bem como estruturar visões de futuro do agronegócio no contexto mundial para que o país continue crescendo e conquistando novos mercados.

Projeções para o arroz brasileiro 2023/24 a 2033/34
Produção (mil t)
– 29,0%
Consumo (mil t) – -1,6%
Importação (mil t) – 40,0%

Preços médios do arroz nas últimas temporadas
Produto –
Arroz
Unidade – R$/kg
2022 – 1,57
2023 – 2,02
2024 – 2,29
Valores deflacionados pelo IGP-DI da FGV – Agosto/2024.
Fonte: Conab e Cepea.
Elaboração CGPOP/Daep/SPA/Mapa.

Remessas têm média de 1,45 milhão de t

Apesar de não constarem nesse estudo, as exportações de arroz nas últimas 10 safras, em média, foram de 1,45 milhão de toneladas e seguem fortalecidas ainda que em 2024 a balança comercial do grão tenha encerrado no campo negativo. “Para o feijão, a tendência é de aumento da produção e uma projeção de cerca de 3,95 milhões de toneladas. Para ambos, as projeções mostram algum nível de comércio exterior. No arroz, importações da ordem de 2,4 milhões de toneladas em 2033/34 e, para o feijão, importações de 32 mil toneladas”, citaram os técnicos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Nos últimos anos, com base nos critérios de avaliação e desenvolvimento da pesquisa, a projeção para a redução de área foi muito impactada pelos resultados observados com a retração importante que houve na superfície semeada. Clima, perda de rentabilidade e avanços tecnológicos que permitiram o ingresso de novos cultivos nas terras baixas ajudaram a compor o cenário. A melhora das cotações durante a pandemia e depois dela, apoio governamental, entre outros aspectos, favoreceram uma pequena reação na área na atual temporada. Ainda assim, isso não refletiu de maneira importante na projeção futura que consta no estudo.

Questão básica
As Projeções do Agronegócio 2023/24 a 2033/34 apresentaram as estimativas locais, mas utilizaram-se de estudos realizados por instituições nacionais e internacionais, através das quais têm-se informações adicionais sobre tendências e cenários. O trabalho foi realizado pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, com a cooperação direta da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e diversos outros órgãos públicos e privados.

– Modelos utilizados – Para produção, modelo Arma, para consumo e importação, modelo PA.

– Ajuste em relação aos modelos utilizando a taxa média de crescimento da área plantada nos últimos 10 anos, com aumento médio anual de 0,3%. Cálculo da produtividade média dos últimos 10 anos com aumento médio anual de 0,7% a.a. referente à evolução média anual do período.

Fonte: elaboração da CGPOP/Daep/SPA/Mapa, Suest/Smae/Embrapa e Embrapa Solos, com dados da Conab.

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