Década perdida
Brasil reduzirá 1 milhão
de hectares até 2028/29.
Produção será de 10,6
milhões de toneladas.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou no final de julho o estudo “Projeções do agronegócio, Brasil 2018/19 a 2028/29”, desenvolvido pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) em parceria com a Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As previsões para o setor arrozeiro são preocupantes. A perspectiva é de que em 10 safras a área cultivada seja reduzida em 1 milhão de hectares e a produção anual passe a ser de 10,6 milhões de toneladas.
Confirmada essa estimativa, a área nacional, portanto, encolherá mais de 60%, enquanto o volume colhido será apenas 1,6% maior do que o da atual temporada, quando ocorreu a quebra de 1,5 milhão de toneladas. As boas notícias ficam por conta da produtividade nos cultivos, que deve dar um salto dentro de cada sistema (sequeiro e irrigado), e do consumo, que cai, mas não muito, para 11,07 milhões de toneladas, ou seja, redução de 1,2%.
O quadro também aponta que, no caso de o Brasil alcançar uma posição privilegiada no mercado internacional e da indústria evoluir em termos de uso desta matéria-prima, será possível alcançar um limite superior de produção em 18,764 milhões de toneladas e de consumo de 14,884 milhões.
Já as importações devem cair de 1,3 milhão de toneladas projetadas em 2018/19 para 1,157 milhão, ou 11%. A notícia não é tão boa assim, uma vez que na atual temporada o país teve uma quebra produtiva e o futuro indica uma trajetória de acúmulo de déficit na balança comercial. Nos últimos anos comerciais, o Brasil foi superavitário. Só no ciclo 2017/18, alcançou mais de 1,7 milhão de toneladas de exportação e um saldo líquido superior a 800 mil toneladas.
O estudo prevê, no entanto, que, em condições especiais e consolidando uma posição exportadora no comércio internacional, o setor poderá até exportar 3,7 milhões de toneladas ao ano no final da década avaliada. Mas, isso, numa perspectiva muito otimista, distante da estimativa considerada realista para o agronegócio nacional, como reconhece o Mapa.
Na safra 2018/19, o Brasil colheu 10,428 milhões de toneladas, levando em conta uma redução superior a 13% sobre os 12,06 milhões de toneladas de 2017/18. A área caiu 14,1%, ou 278 mil hectares. Na média dos últimos 20 anos, o país produziu 11,775 milhões de toneladas por safra e plantou cerca de 2,2 milhões de hectares. Na última temporada, cinco estados representaram 91,8% da produção nacional: Rio Grande do Sul 70,5%, Santa Catarina 10,2%, Tocantins 6%, Mato Grosso, 3,6% e Paraná 1,5%.