Defesa em bloco
Mercosul busca
soluções para exportar
em conjunto.
Entre os dias 3 e 4 de novembro, dois dirigentes arrozeiros gaúchos representaram o Brasil numa rodada de negociações com produtores e indústrias do setor dos quatro países do Cone Sul da América: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O evento aconteceu no Hotel Guarany, em Assunção, Paraguai. Os representantes da cadeia produtiva brasileira no I Encontro de Produtores de Arroz e Trigo do Mercosul foram o vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Azevedo Velho, e o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong.
O evento aconteceu paralelamente à reunião dos ministros que formam o Conselho Agropecuário do Sul (CAS), que tratou da padronização de políticas sanitárias, ambientais, agrícolas e comerciais no bloco comercial. Os produtores brasileiros voltaram a defender a organização de um sistema estratégico de exportação de arroz em bloco pelos quatro países arrozeiros do Mercosul.
“A união dos quatro países gera um excedente de 2,5 a 3,5 milhões de toneladas de arroz por ano. Isso faz com que, em geral, parte deste produto pressione os preços na região. Uma estratégia de comercialização e avanços na logística pode reduzir a concorrência predadora regional e agregar valor ao arroz da região e renda ao agricultor”, defende Alexandre Azevedo Velho.
Segundo ele, ainda que reserve parte do produto para o suprimento do Cone Sul, especialmente do Brasil, o maior mercado consumidor, é preciso formar estratégias para alcançar e fidelizar mais países importadores pelas características do grão do Mercosul. “A qualidade de nosso grão é indiscutível, mas precisamos estabilizar os fatores de competitividade e assegurar a redução nos custos e o aumento da renda do agricultor, e não é fácil”, explica Francisco Schardong, da Farsul.
Para o dirigente, é preciso que o poder público e a iniciativa privada destes quatro países invistam em qualidade de logística, legislações sobre insumos e redução da carga tributária, seguros agrícolas – de preço, inclusive –, e melhor infraestrutura. “Também é preciso resolver essa situação do crédito oficial, pois hoje menos de 40% dos agricultores nos quatro países têm acesso, e esse percentual cai a cada safra. O custo do dinheiro também está inviabilizando a cultura”, avisa.
Um documento formalizando a posição da cadeia produtiva no Mercosul foi entregue aos ministros dos países participantes e novos encontros serão agendados para a cobrança da realização das medidas.