Desprestígio crescente para o arroz
Histórico de aberturas da feira é o retrato da desvalorização do setor primário no cenário econômico.
A Fenarroz está cada vez mais distante do prestígio político que recebeu nas primeiras edições, época em que presidentes da República e ministros eram presenças confirmadas na solenidade de abertura. A parede no Ginásio Dom Pedro I onde estão as placas oficiais de inauguração da feira mostram bem esse desprestígio ao longo da história. Esse ano, pela primeira vez, o nome de um prefeito está estampado como autoridade máxima na abertura do evento, ao lado do nome do estreante secretário estadual de Agricultura, Gilmar Tietböhl. Na 6ª Fenarroz, em 1984, foi a última vez que um presidente da República, na época João Batista Figueiredo, participou da solenidade de abertura da feira.
Esse desprestígio político também é reflexo da desvalorização do arroz no Brasil, onde a cadeia produtiva caminha praticamente desamparada de políticas públicas, mesmo sendo a agricultura um negócio de altíssimo risco em razão de perdas ocasionadas pelo clima. O exemplo mais recente de desamparo aos arrozeiros é a busca sem respostas do Governo Federal para socorrer os produtores que perderam tudo nas últimas enchentes.
PROTESTO – A situação atual dos produtores de arroz é tão difícil que muitos líderes do setor chegaram a articular um protesto durante a abertura da feira, que aconteceu sábado pela manhã. O presidente da União Central dos Rizicultores, Pinto Kochenborger, revela que teve muito trabalho para evitar os protestos. “O pessoal de outras cidades queria protestar em razão do silêncio do Governo Federal ao nosso pedido de socorro e contra os preços baixos que estão sendo praticados, na casa de R$ 27,00, enquanto o custo de produção foi de R$ 32,00. Eu não concordei com os protestos, pois sou cachoeirense, gosto da minha terra e, se a feira for um fracasso, iriam colocar a culpa nos produtores”, explica Kochenborger.
IMPORTANTE
No seu discurso de abertura da feira, sábado, o presidente da Fenarroz, Érico Razzera, reconheceu que o momento não é favorável aos produtores de arroz da região em razão das enchentes. Razzera ressaltou também a necessidade de imediato repasse de recursos do Governo Federal para a reconstrução do que foi perdido, garantia de preços justos no arroz e a adoção de políticas agrícolas estruturadas para criar ambiente de segurança aos produtores.
PARA SABER MAIS
As autoridades presentes na história da Fenarroz
1941 – 1ª Festa do Arroz
> Osvaldo Cordeiro de Farias, interventor federal do Estado
1968 – 2ª Fenarroz
> Lyra Tavares, ministro do Exército
> Walter Peracchi de Barcelos, governador do Estado
1972 – 3ª Fenarroz
> Garrastazu Médice, presidente da República
> Ministros dos Transportes e da Agricultura
> Euclides Triches, governador do Estado
1976 – 4ª Fenarroz
> Ernesto Geisel, presidente da República
> Ministros da Justiça, Agricultura, Trabalho, Interior e Indústria e Comércio
> Sinval Guazzelli, governador do Estado
1980 – 5ª Fenarroz
> João Batista Figueiredo, presidente da República
> Ministros da Previdência Social, Transportes, Comunicação Social e da Agricultura
> Amaral de Souza, governador do Estado
1984 – 6ª Fenarroz
> João Batista Figueiredo, presidente da República
> Ministros do Exército, da Aeronáutica e da Casa Civil
> Jair Soares, governador do Estado
1988 – 7ª Fenarroz
> Íris Rezende, ministra da Agricultura
> Paulo Brossard, ministro da Justiça
> Pedro Simon, governador do Estado
1992 – 8ª Fenarroz
> Aldo Pinto da Silva, secretário estadual da Agricultura
1995 – 9ª Fenarroz
> Antônio Britto, governador do Estado
1998 – 10ª Fenarroz
> Antônio Britto, governador do Estado
2000 – 11ª Fenarroz
> Miguel Rossetto, vice-governador do Estado
2002 – 12ª Fenarroz
> Olívio Dutra, governador do Estado
2004 – 13ª Fenarroz
> Germano Rigotto, governador do Estado
2006 – 14ª Fenarroz
> Germano Rigotto, governador do Estado
2008 – 15ª Fenarroz
> Yeda Crusius, governadora do Estado
2010 – 16ª Fenarroz
> Gilmar Tietböhl, secretário estadual de Agricultura
1 Comentário
E nosso amigo LULA, se foce a feira da cana, este nosso presidente estaria um dia antes de iniciar a feira.