Dia de tensão nas relações arrozeiras do Mercosul

Argentinos protestam contra importação do Suriname no exato momento em que o Grupo Temático do Mercosul da Câmara Setorial do Arroz Nacional se reúne para debater soluções para a entrada massiva de produto dos países integrantes do acordo comercial.

O dia está sendo tenso hoje para as relações arrozeiras do Mercosul. Pela manhã o Grupo Temático do Mercosul da Câmara Setorial do Arroz Nacional esteve reunido em Brasília para analisar as propostas formuladas com relação ao livre ingresso do cereal no país.

Em 2004/05, os excedentes do Mercosul que ingressaram no país foram responsáveis por uma queda de 45% nos preços pagos ao produtor brasileiro. O setor de produção está propondo salvaguardas e, na pior das hipóteses, aceita o estabelecimento de cotas de importação.

Ainda pela manhã, os dirigentes da Federação das Entidades Arrozeiras Argentinas (Fedenar), encaminhou para a chancelaria argentina um protesto contra a compra, pelo Brasil, de 30 mil toneladas de arroz do Suriname sob condições especiais. O presidente da Fedenar, Jorge Paoloni, pediu a intervenção do Governo argentino, pois considera que este acordo causa prejuízos às exportações de arroz do setor para o Brasil. A maior parte das exportações argentinas partem de Entre Rios.

Fontes do Governo brasileiro, no entanto, informaram que a compra de arroz do Suriname envolve um acordo social de auxílio ao país vizinho e a construção de uma estrada ligando os países. O Governo Federal estaria importando o produto sem aplicação da Tarifa Externa Comum (TEC).

O presidente da Federarroz, Valter José Pötter, protestou contra a medida durante reunião da Câmara Setorial. Segundo ele, infelizmente mais esta ação está demonstrando que setores do Governo consideram o arroz uma moeda podre para troca de favores.

– Estamos com arroz sobrando aqui dentro tentando criar mecanismos que evitem o aumento dos estoques e o Governo acha um jeito de retirar impostos e comprar mais arroz para o país, reclamou.

Dirigentes de entidades arrozeiras do Uruguai buscaram informações junto a dirigentes arrozeiros gaúchos, mas a conversa não evoluiu.

Na próxima quinta-feira, arrozeiros gaúchos estarão realizando um protesto em conjunto com produtores de vinho, alho, trigo e outros produtos em Porto Alegre. O protesto foi denominado Caldeirão do Mercosul e acontece durante o Fórum Social Mundial, em frente à Prefeitura de Porto Alegre. O objetivo é atrair a atenção da sociedade brasileira e dos participantes do Fórum para os problemas do setor.

– Precisamos dar repercussão a estes problemas, enquanto buscamos outras alternativas legais para evitar mais prejuízos com o ingresso indiscriminado de produto dos países vizinhos, disse o presidente da Federarroz, Valter José Pötter.

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