Diesel mais caro agrava a crise
Descapitalizados, produtores podem reduzir aplicação de tecnologia para cobrir elevação de custo. Aumento de 12% deve influenciar as lavouras de verão .
A elevação de 12% no preço do óleo diesel, anunciada neste mês pela Petrobras, agrava a crise no agronegócio no momento de decisão do plantio das lavouras de verão no Estado. Segundo dados da Federação da Agricultura do RS (Farsul), os gastos com diesel, lubrificantes e graxos correspondem a até 20% do custo médio no campo. Descapitalizado, o produtor terá de encontrar uma saída para cobrir a despesa maior, que pode ser a redução de tecnologia, lamenta o presidente da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues.
– O impacto é sério pela falta de dinheiro. Sem dúvida, o produtor terá de tirar dinheiro de outra ponta – explica.
Com queda de 65% nas vendas até agosto em relação ao mesmo período de 2004, as indústrias de calcário refazem cálculos. O custo do transporte representa 50% dos R$ 64,00 cobrados pela tonelada do produto. Considerando que 40% desses R$ 32,00 são consumidos com diesel, o acréscimo do frete pode chegar a 12%, calcula o presidente do Sindicato da Indústria do Calcário (Sindicalc), Oscar Alberto Raabe.
Devido à distância das fábricas e jazidas de via fluviais, 98% do calcário comercializado no RS é deslocado por frete rodoviário.
– O aumento do diesel é altamente significativo. Nunca, desde 1970, o setor de calcário venderá tão pouco quanto em 2005.
A retração no mercado desde janeiro já provocou a demissão de 105 funcionários de indústrias de Pantano Grande e Caçapava do Sul. O setor, que gera 2,7 mil empregos diretos no RS, projeta encerrar o ano com entrega de 800 mil t contra 2,1 milhões de t de 2004. O setor de adubos está debruçado sobre os reflexos do aumento dos combustíveis.
O peso maior é no transporte da matéria-prima, 100% importada, assinalou o presidente do Sindicato das Indústrias de Adubo do RS (Siargs), Torvaldo Marzolla Filho.
