Diretor do Irga é nomeado mesmo com solicitação de reserva dos Arrozeiros da Fronteira Oeste

Conselheiros do Irga da Fronteira Oeste gaúcha publicaram carta de manifestação sobre a nomeação do novo diretor comercial pelo governador do Estado, Tarso Genro.

A nomeação do novo diretor comercial do Irga, Elói Thomas, não repercutiu bem entre os conselheiros da Fronteira Oeste. Uma carta de manifestação foi enviada à imprensa nesta sexta-feira (30/11) com o posicionamento dos conselheiros.

Abaixo a carta:


Carta de Manifestação aos Conselheiros do Irga da Fronteira Oeste, maior produtora de arroz

Na véspera da “primeira” e última reunião 2012 do novo conselho do IRGA, talvez pela minha total inexperiência ou até ingenuidade, resolvi provocá-los propondo uma reflexão dos acontecimentos dos últimos cinco anos. Gostaria de ressaltar minha posição de arrozeiro, e não de oposição aos srs. governador Tarso Genro, secretário da Agricultura Luiz Fernando Mainardi ou o presidente do IRGA Claudio Pereira. Entretanto, minha natureza e educação não permitem qualquer omissão, já que possuo convicções ou posicionamentos um tanto divergentes à atual administração da autarquia. Nem por isto posso ignorar os avanços e o trabalho até então desenvolvidos.

Os anos de 2010 e, principalmente, 2011 foram os mais intensos de minha vida. Nunca havia me dedicado tanto à um assunto coletivo, até porque meu pai não acreditava em política setorial, frequentemente aconselhando-me a não assumir responsabilidades ou cargos que pudessem tirar o meu foco dos negócios da família.

O setor possui um grande desafio pela frente, prioritário, que é a renegociação das prorrogações de custeio e investimentos concedidas recentemente. Obviamente o mercado aguarda a referida medida ansiosamente. Para muitos, tal concretização, não será necessária para a formação de capital de giro próprio, porque fatalmente somente aqueles que acessam recursos controlados serão contemplados. É neste ponto que minhas preocupações são baseadas!

Não conheço outro órgão mais querido do que o IRGA. Pessoalmente, um dos motivo é o trabalho desenvolvido nos últimos 7 a 8 anos. O mundo conheceu o IRGA pela façanha de dar competitividade produtiva ao arroz gaúcho em tão pouco tempo. A extensão foi chave! A parte comercial ficou de lado? É ficou, era o que eu achava! Achava e estava totalmente errado! Exemplo para isto são os preços hoje praticados, certamente decorrentes do forte escoamento de nossa produção para a exportação. É só buscar algumas apresentações de diretores ou até atas do conselho do IRGA para aprofundar o que estou afirmando. Mas somente para instigá-los, lembro-me de alguns comentários no início do furacão de 2011, afirmando que a situação iria perdurar por mais alguns anos, pois o Mercosul possuía 8 milhões de toneladas de excedentes e o setor da produção não possuía competitividade econômica.

Finalizando, meu objetivo com esta carta é convocá-los para realmente contribuir com o IRGA a cumprir seu maior objetivo, para evitar que a renegociação esperada não seja novamente em vão. Digo isto pelo meu profundo temor de que em alguns anos eu esteja novamente liderando ou sendo liderado em alguma manifestação de renegociação de dívidas. Para que isto não aconteça, precisamos de um IRGA menos vulnerável às mudanças políticas, precisamos de um IRGA realmente muito focado, pragmático, na solução dos problemas ditos estruturais.

Fatalmente isto depende de uma mudança na lei, uma ação de longo prazo e exaustiva negociação, mas acredito que precisamos começar pelos diretores que o Presidente Claudio irá nomear. O Governador possui a caneta, mas nós podemos demonstrar nossa vontade, nossa indicação! Quem sabe não precisaríamos indicar a necessidade de 2 novos cargos, como Diretor de Comércio Exterior e Diretor de Marketing? Também, gostaria de afirmar que tenho consciência dos erros estratégicos intransigentes que cometemos no passado recente. Entretanto, a omissão também foi um deles.

Atenciosamente,

Henrique Osorio Dornelles

Presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete

Diretor da Federarroz

Conselheiro Titular do IRGA, Alegrete

Representante do Conselho na Comissão Institucional

1 Comentário

  • No período da ditadura, dirigentes INDICADOS para nos governar eram chamados de BIÔNICOS. Hoje, quando a ex-oposição nos governa, fazem pior: retiram os cargos democraticamente pertencentes à lavoura de arroz, que sustenta o IRGA via taxa CDO, para acomodar os camaradas cabos eleitorais. Pior: muito pouco da taxa CDO cumpre a sua verdadeira função. Que pena! Pobre IRGA. Sou oposição a isto que está acontecendo.

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