Dólar mais forte favorece agronegócio argentino

Alguns produtores de milho, soja e trigo nas províncias de Buenos Aires e Córdoba, ainda têm 30% da safra para vender e 100% da 2ª safra.

Na Argentina, a desvalorização do peso no em relação ao dólar, que já chega a 12% neste mês e a 23% no acumulado do ano, se tornou a esperança dos produtores de soja e milho para reduzir as perdas que eles tiveram com a seca, tida como a pior dos últimos 70 anos. O colapso econômico levou o país a negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um socorro de US$ 30 bilhões. A falta de chuvas entre novembro e março na Argentina deverá reduzir a safra de soja deste ano em 30% em relação à projeção inicial e, a de milho, em 18%. Com um dólar em alta, no entanto, os produtores poderão ter uma receita em pesos mais elevada com a exportação dos produtos, compensando, em parte, as perdas.

Segundo cálculos da Fundação Agropecuária para o Desenvolvimento da Argentina (Fada), o país ainda tem 52% da colheita total para vender, o que é considerado normal para essa época do ano. Há também parte da safra passada que ainda não foi comercializada (pouco mais de 10% do total), o que resultará em US$ 2,6 bilhões para o país. A produção agrícola responde por dois terços das receitas com exportações da Argentina, que vem sofrendo uma fuga de capitais há duas semanas. Porém, os grandes produtores não devem perceber mudanças com as alterações no valor do peso, já que costumam se proteger no mercado cambial. Houve também quem perdeu absolutamente toda a produção na seca. Para esses, não tem preço em dólar que compense.

Alguns produtores de milho, soja e trigo nas províncias de Buenos Aires e Córdoba, ainda têm 30% da safra para vender e 100% da 2ª safra. Essa parte da produção não foi negociada e será vendida por um dólar mais alto. A desvalorização do peso vai melhorar sobretudo a rentabilidade dos produtores dessas províncias. Aqueles que estão em outras zonas costumam ter mais gastos em dólares, pois precisam transportar a mercadoria por rodovia até os portos. Esses sofrem uma pressão maior em dólares, pois precisam de combustível para fazer chegar a produção. A expectativa é de que o PIB argentino deixará de crescer 0,8% neste ano por causa da seca. O País crescerá menos de 2% no ano.

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