Efeitos da estiagem alcançam Região Sul e Fronteira Oeste

A estiagem que atinge essas regiões tem causa semelhante à que vem prejudicando os vizinhos Argentina e Uruguai. Nesses pontos as chuvas são formadas por frentes frias, que nesse período estão passando rapidamente em direção ao Sudeste, sem precipitações.

Depois de provocar prejuízos nas regiões Norte e Noroeste, agora é a vez de a estiagem trazer perdas no arroz, na produção de hortigranjeiros e na pecuária leiteira dos municípios do Sul e Fronteira Oeste. Até ontem, 88 municípios gaúchos já tinham decretado situação de emergência em razão da seca.

A estiagem que atinge essas regiões tem causa semelhante à que vem prejudicando os vizinhos Argentina e Uruguai. Nesses pontos as chuvas são formadas por frentes frias, que nesse período estão passando rapidamente em direção ao Sudeste, sem precipitações.
O fenômeno La Niña no Oceano Pacífico contribui para dificultar a formação de nuvens e haver menos chuva, explica a meteorologista Estael Sias, da Central de Meteorologia.

Por isso, Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, Bagé, Santana do Livramento e Uruguaiana apresentam índices de chuva em janeiro bem abaixo das médias históricas. No Norte e Noroeste gaúchos, as chuvas voltaram a ocorrer mais frequentemente devido à instabilidade que vem da Amazônia.

Conforme o assistente técnico regional da Emater em Bagé, Erich Oscar Groeger, produtores de arroz em Dom Pedrito, por exemplo, registram perda de 20% devido à seca. A produção de milho e de leite também está sendo afetada na região.

Na Zona Sul, muitos ainda não fizeram o plantio de hortigranjeiros em razão do solo estar muito seco.

– Se eu plantar, será perda de tempo – diz Claudemir Reis Braz, que cultiva verduras e legumes em Rio Grande.

Argentina tem perdas e farinha sobe

Os problemas climáticos em países da América do Sul já mexeram no mercado de grãos e nos próximos meses devem afetar o bolso do consumidor. A consequência mais impactante é a já registrada alta do trigo, que tende a elevar o preço da farinha, do pão, de massas e biscoitos.

Atingida pela seca que se estica desde abril, a safra do grão colhida no final do ano passado na Argentina é estimada em 8,5 milhões de toneladas, ou 47,5% menos do que em 2007, de acordo com a consultoria Safras & Mercado. O Brasil precisa importar neste ano 5 milhões de toneladas. Como a Argentina deve restringir a exportação, será preciso comprar de Paraguai ou EUA, que vende 26% mais caro. Para o consultor Elcio Bento, o problema climático na Argentina é a principal causa para a alta de R$ 440 para R$ 500 no preço da tonelada de trigo no Brasil.

O presidente do Sindicato da Indústria do Trigo do Rio Grande do Sul, Claudio Furlan, afirma que os moinhos já estão pagando mais caro pelo trigo importado, mas o momento de repasse da alta para o preço da farinha depende dos estoques e da política de cada empresa.
O presidente do Sindicato da Indústria de Panificação do Estado, Arildo Oliveira, afirma que ainda não houve alta para as padarias, e que o aumento do pão só deve ocorrer a partir de março, caso persistam as limitações do governo argentino.

A seca na Argentina e no Paraguai já causou inchaço do preço da soja, alegrando produtores gaúchos não afetados pelo clima. Na Bolsa de Chicago, a cotação do bushel (27,2 quilos), que no início de dezembro despencou para US$ 7,85, opera em torno de US$ 10.

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