Egito quer acelerar acordo de livre comércio com o Mercosul

O ministro de Comércio da Índia, Anand Sharma, confirmou que seu interesse é, em 2010, ampliar profundamente o acordo Mercosul-Índia, que hoje está limitado ao corte de tarifas de apenas 450 produtos.

O Brasil e o Egito decidiram trabalhar firmes para que o Mercosul conclua com os egípcios um acordo de livre comércio até meados do ano que vem, abrindo novas oportunidades de exportações para os dois lados. O ministro de Comércio do Egito, Rachid Mohamed Rachid, que no passado foi cônsul honorário do Brasil em Alexandria e conhece bem a região, comprometeu-se com o ministro Celso Amorim nessa negociação.

Ele vê chances para as exportações agrícolas do Mercosul e espera de seu lado vender mais algodão e tecidos para o bloco do Cone Sul. Só o comércio Brasil-Egito é de US$ 3 bilhões. O acordo em negociação cobre em princípio todo o comércio, portanto bem além da troca limitada de preferências tarifárias, como no caso do acordo com Índia e a África do Sul.

O próximo passo será uma reunião de 9 a 11 de março, no Cairo. É quando começará a definição de setores sensíveis, que ficarão fora ou terão ainda tarifas elevadas. As declarações de intenções prosseguiram, visando a ampliação do comércio entre os países em desenvolvimento. O ministro de Comércio da Índia, Anand Sharma, confirmou que seu interesse é, em 2010, ampliar profundamente o acordo Mercosul-Índia, que hoje está limitado ao corte de tarifas de apenas 450 produtos.

O ministro Celso Amorim anunciou formalmente a abertura do mercado brasileiro para 80% das linhas tarifárias para os produtos originários dos países mais pobres. Bangladesh, exportador de produtos têxteis, foi o primeiro a comemorar na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil assumiu a liderança e isso ajudará a ampliar as exportações, segundo o ministro de Comércio, Muhammad Faruk Khan. Ao mesmo tempo, ele promete continuar aumentando a compra de soja e de açúcar brasileiro.

O detalhe é que o Brasil tem planos de monitorar de perto a entrada dos produtos de Bangladesh para não afetar a indústria têxtil brasileira. Já os africanos querem um pouco mais. O representante do Benin chegou a agradecer o presente do Brasil. Mas pediu agora ajuda para transformar seu algodão e passar a exportar têxteis.

Por sua vez, a Indonésia lembrou que já abriu o mercado para a carne suína brasileira e agora espera que o Brasil reduza a aplicação de sobretaxas antidumping sobre seus produtos. Ministros do Mercosul, da Índia e da South African Customs Union (Sacu, formado por África do Sul, Namíbia, Botsuana, Lesoto e Suazilândia) se reuniram para reiterar o objetivo a longo prazo de um acordo de livre comércio.

Mas a África do Sul insistiu que sua prioridade no ano que vem é ainda um acordo da Sacu com a Índia. A Venezuela acompanhou a reunião, como praticamente membro do Mercosul, mas seu embaixador, German Mundarain, qualificou a reunião como um mero intercâmbio de opinião, bem longe do anunciado plano do maior acordo comercial do planeta. Certo mesmo é que, por iniciativa do Brasil e da Argentina, será anunciada a base do acordo de mais de 15 países emergentes cortando as tarifas aplicadas em 20%, mais do que na combalida negociação da Rodada Doha para a liberalização do comércio.

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