El Niño acaba e La Niña deve afetar a próxima safra brasileira

Lavoura gaúcha bateu seus maiores recordes produtivos em anos de La Niña. Isso dependerá de um inverno com chuvas que permitam reservatórios abastecidos para a irrigação das lavouras.

Os efeitos do El Niño estão desaparecendo, mas nos próximos meses as lavouras sul-americanas podem ser prejudicadas por outro fenômeno climático, o La Niña — enquanto aquele aquece as águas do oceano Pacífico, este as resfria e provoca secas. Dependendo de como o La Niña ocorre, as safras de grãos e café no Brasil, de trigo na Argentina e até de cana no Peru podem ser menores, afetando os preços locais e globais. É considerado pelos meteorologistas um fato comum que o La Niña suceda ao El Niño, situação em que as águas na faixa equatorial do Pacífico se aquecem acima do normal, empurrando massas de ar quente contra a costa oeste da América do Sul.

O El Niño habitualmente aumenta as chuvas, com possibilidades de tormentas. Os meteorologistas dizem o atual El Niño está terminando. Segundo eles, a projeção é de que o atual El Niño deixe o cenário em breve, mas o que virá em seguida não está claro, e uma volta ao La Niña certamente é uma possibilidade. Os padrões climáticos dos próximos dois meses dirão se haverá ou não La Niña, segundo os especialistas. Peru, Equador, Chile, Argentina e a parte sul do Brasil registram climas mais secos em anos de La Niña. Para muitas regiões norte e sul-americanas, o La Niña costuma ser chamado de “diva da seca”.

Na Argentina, depois das bem-vindas chuvas do final de 2009, a previsão é de que a safra de soja chegue ao recorde de 54,8 milhões de toneladas. No caso do trigo, plantado em maio e junho, a seca poderia prejudicar o crucial período do florescimento, em setembro e outubro. A Argentina é um dos cinco maiores exportadores mundiais de trigo.

No Brasil, maior produtor mundial de café, açúcar e suco de laranja, e segundo maior de soja, o La Niña também pode ter um impacto adverso. O fenômeno La Niña traz riscos que podem influenciar os preços dos grãos, do café e de outros produtos. O La Niña também está relacionado ao risco de geadas que podem danificar os cafezais. No Brasil, o “La Niña” tem provocado, via de regra, aumento da produtividade média do arroz irrigado que poderá ver a produção da safra brasileira 2010/2011 saltar para uma faixa 12,6 a 12,8 milhões de toneladas (mesmo sem aumento de área), contra as 11,5 milhões de toneladas colhidas em 2009/2010.

Os maiores prejuízos, além de culturas susceptíveis como feijão, fumo, etc., ocorreriam nas culturas da soja e do milho da 1ª safra 2010/2011. No que diz respeito ao milho, a área deve recuar pelo menos 3% a 4% no Brasil, por si só, colaborando para uma queda de produção. Assim como na soja, a produtividade média tende a ser mais afetada no eixo Centro-Sul, podendo registrar prejuízos expressivos. De forma severa, como já visto anteriormente, poderíamos ver a 1ª safra de milho 2010/2011 recuar de 33,4 milhões de toneladas neste ano para menos de 30 milhões de toneladas, sem considerar o recuo de área.

A soja certamente seria afetada da mesma forma, recuando de uma safra recorde de 67,4 milhões de toneladas para a faixa mais próxima de 60 milhões de toneladas, considerando uma produtividade média normal nos estados não afetados. Tudo isso, evidentemente, ainda surfa no campo da especulação, mas a preocupação é oportuna, lembrando que decorreria desse evento, também, uma tendência de valorização dos preços, em especial para a soja.

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