El Niño reduziu receita uruguaia com exportação de arroz em US$ 76,8 milhões
Redução de área prevista para a próxima safra é de 12 mil hectares.
O excesso de chuvas e as inundações ocorridas desde a semeadura e em boa parte do ciclo de cultivo de arroz, incluída a fase final de colheita, provocaram perdas em todos os 160 mil hectares semeados no Uruguai na temporada 2015/16. Essas perdas provocaram uma retração de quase uma tonelada por hectare, segundo divulgou na última semana o Escritório de Estatísticas Agropecuárias (DIEA) do Ministério de Agricultura e Pecuária uruguaio. Levando em conta o valor FOB médio da tonelada de arroz uruguaio bate na casa dos US$ 480,00, os prejuízos com o fenômeno climático El Niño geraram uma perda de US$ 76,8 milhões.
Segundo o DIEA, em 2015 as exportações de arroz uruguaias somaram US$ 360 milhões, ou seja, as perdas alcançaram 21%. Dos 161.194 hectares semeados, apenas 1% não foi colhido na temporada passada. As maiores perdas em produtividade foram registradas na Zona Oeste, com 103 mil toneladas a menos de produção do que o estimado pelos produtores, seguido pelo Norte-Litoral Oeste, com 47 mil toneladas e o centro do país com 11 mil toneladas abaixo do esperado, somando uma retração de 161 mil toneladas na produção global do país.
A produção de arroz no Uruguai na temporada 2015/16 somou 1,3 milhões de toneladas de arroz em casca – seco e limpo – volume que resultou numa perda de 7% frente às quase 1,4 milhões de toneladas da safra anterior. O rendimento médio por hectare ficou em 8.094 quilos, com queda em torno de 600 quilos por hectare frente aos 8.686 quilos/ha previstos. A região Norte-Litoral Oeste teve o pior rendimento do País, com 7.879 quilos por hectare, seguida do Centro, com 8.129kg/ha. O Oeste fechou a temporada com a maior produtividade média, alcançando 8.182 quilos por hectare, segundo o DIEA.
A pesquisa de intenção de plantio realizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do Uruguai para a safra 2016/17, indica que 93% dos arrozeiros pretendem semear área similar a da temporada passada, mesmo que tenham mostrado maior incerteza do que em anos anteriores devido aos problemas de rentabilidade que enfrenta o setor produtivo. Com base nisso, a intenção de safra oficialmente anunciada pelo governo uruguaio é de 149 mil hectares, com uma redução de 12 mil hectares, ou 8% sobre a temporada passada.
Parte das áreas será destinada ao cultivo de soja e outra parte à pecuária. O DIEA considera que a área final poderá mudar de acordo com a evolução financeira dos negócios nos próximos meses. Se as indústrias conseguirem boas negociações internacionais e repassar uma remuneração melhor aos agricultores, a área poderá ficar próxima da temporada passada. Mas, as dificuldades nas negociações entre cultivadores, moinhos e governo são preocupantes.
