El Niño retorna com intensidade moderada

Fenômeno climático retorna e deve provocar chuvas acima da média no sul do Brasil a partir de dezembro, segundo dados do Inpe. Intensidade moderada não garante ausência de enchentes e prejuízos.

O fenômeno climático El Niño já começou a se manifestar no Pacífico Equatorial Central e o principal indicador é o aumento da temperatura da superfície do mar entre 0,5 e 1 grau centígrado acima da média histórica. Segundo o pesquisador Carlos Nobre, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as observações meteorológicas e oceanográficas feitas até o momento indicam que os efeitos do fenômeno, de intensidade fraca a moderada, sejam sentidos a partir do mês de dezembro.

Estas previsões foram ratificadas pelos centros meteorológicos da Austrália, América do Sul e o National Center for Enviromental Prediction (NCEP) dos Estados Unidos. A ocorrência de um El Niño de fraca intensidade, no entanto, não significa que seus efeitos também serão amenos. “Você pode ter um El Niño fraco, mas que cause um impacto climático razoável”, explica Carlos Nobre.

COMO FUNCIONA O EL NIÑO

O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico Equatorial. Seus impactos afetam a atmosfera globalmente. No Brasil, causa seca no Nordeste e Norte do país (leste da Amazônia) e chuvas excessivas no Sul.

Em geral, o fenômeno climático começa a se manifestar no meio do ano, atinge o ápice em dezembro e dura, em média, 12 meses.

Quando acontece o El Niño, os ventos quentes alísios que sopram sobre o oceano diminuem de intensidade e trazem as águas quentes do continente australiano para o litoral da América do Sul.

As chuvas que caíam perto da costa se deslocam para o interior do Peru e Amazônia. O ar quente carregado de vapor d’ água provoca a formação de nuvens de chuva, que são uma barreira para as massas de ar frio provenientes da Antártida. A partir daí, as frentes frias ficam estacionadas no sul do continente, provocando chuvas intensas.

O fenômeno costuma se manifestar com regularidade em intervalos de três a sete anos, mas suas causas ainda são desconhecidas. O último episódio de El Niño aconteceu em 2001 e 2002, mas com intensidade fraca. Em 1997/98 o mundo sofreu um dos piores efeitos do El Niño. Naquela época, a região Nordeste viveu uma das mais prolongadas secas de sua história e o Sul enfrentou grandes quebras produtivas e enchentes.

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