Elevação deve se manter até 2021, afirma dirigente

 Elevação deve se manter até 2021, afirma dirigente

Preços mais altos e limite por consumidor: nova realidade do arroz nos supermercados

Preferência pela exportação do alimento pelos principais produtores sulamericanos é apontada como um dos fatores da disparada no preço.

Um dos alimentos mais consumidos pelo brasileiro, o arroz está com o preço elevado e as pessoas têm reclamado. O pacote de cinco quilos, que antes era vendido pelo preço médio de R$ 15, passou a ser comercializado a R$ 25. Segundo o presidente das Indústrias de Arroz no Estado de Minas Gerais (Sindarroz/MG), filiado à Federação das Indústrias (Fiemg), Jorge Tadeu Araújo Meireles, a alta deve perdurar até o ano que vem.

Numa rápida pesquisa em supermercados do Região Metropolitana do Vale do Aço, a reportagem constatou que o cereal varia de R$ 19 até R$ 29,90.

Jorge Tadeu aponta alguns fatores que interferem no valor do arroz, como a relação de estoque da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e governo federal; produtor descapitalizado; expansão do consumo nacional e internacional de arroz; elevado patamar do dólar e dos preços internacionais e redução das exportações tailandesas, o maior exportador mundial. “O consumidor mudou e isso se deu por causa da pandemia da covid-19 também, as pessoas ficaram mais em casa e por isso comem mais em casa. São essas algumas das explicações da alta”, ponderou.

O dirigente recorda que, até poucos dias, o pacote de cinco quilos de arroz custava de R$ 12 a R$ 15. “Agora está em torno de R$ 25, devido à essas situações, que não são da agora. A falta de produto no mercado nacional e a alta no mercado internacional, também com a queda de safra na Tailândia, tem ocorrido já há algum tempo. Inclusive foi registrada a falta do produto em alguns locais. O aumento no valor é um caso nacional, tem ocorrido em todos os cantos”, detalha.

Normalização

Questionado sobre quando o cenário irá mudar e o preço voltará ao que era praticado, Jorge Tadeu avalia que o abastecimento deve se normalizar a partir de fevereiro do ano que vem, na próxima safra. “O arroz vai continuar em alta. Creio que até no início de 2021. Um dos motivos do desabastecimento de arroz no mercado nacional é porque o sul do país exportou muito no início de 2020, fazendo com que o arroz subisse e o que importamos do Mercosul também foi vendido para outros países. Provocando grande desequilíbrio em relação ao nosso consumo interno”, concluiu.

Outros aumentos

O ano de 2020 não tem sido favorável quando o assunto envolve itens básicos. A carne continua com o preço elevado, assim como o ovo, cujo preço chegou a custar R$ 18 o pente com duas dúzias e meia em alguns supermercados, e o gás de cozinha, que sofreu o sexto reajuste consecutivo desde o mês de maio, conforme anunciado no fim do mês de agosto.

Recentemente, o óleo de soja chamou a atenção ao alcançar quase 80% de aumento no preço, que antes era de aproximadamente R$ 3,50. Para quem não vive sem feijão no prato, a refeição já está salgada há algum tempo. O pacote de um quilo do tipo carioca tem sido comercializado a aproximadamente R$ 5. O feijão vermelho já chegou a valer R$ 12, meses

 

atrás e atualmente está na casa dos R$ 8.

 

O preço do queijo muçarela é outro cuja alta assusta. O alimento custava, em média, R$ 25 em junho. Na sexta-feira, entretanto, foi encontrado em supermercados no Vale do Aço a preços que variavam de R$ 34 a R$ 39 o quilo. Já o litro do leite longa vida integral, que tinha preço médio de R$ 3, subiu para a média de R$ 4.

Bolsonaro pede patriotismo para evitar dispara de preços

Em conversa com apoiadores na última semana, o presidente da República, Jair Bolsonaro, assegurou que mantém diálogo com intermediários e com representantes de redes de supermercados para tentar evitar uma alta maior nos produtos da cesta básica. “Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro”, apelou.

Abras afirma em nota que aumento de preços é generalizado

Em nota publicada no dia 3 de setembro, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), afirmou que o setor supermercadista tem sofrido forte pressão de aumento nos preços de forma generalizada repassados pelas indústrias e fornecedores. Itens como arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja tiveram aumentos significativos. “A Abras, que representa as 27 associações estaduais afiliadas, vê essa conjuntura com muita preocupação, por se tratar de produtos da cesta básica da população brasileira. Conforme apuramos, isso se deve ao aumento das exportações destes produtos e sua matériaprima e a diminuição das importações desses itens, motivadas pela mudança na taxa de câmbio que provocou a valorização do dólar frente ao real.

 

Somando-se a isso a política fiscal de incentivo às exportações, e o crescimento da demanda interna impulsionado pelo auxílio emergencial do governo federal”.

 

 

Ainda segundo a entidade, tem mantido diálogo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e representantes de todos os elos da cadeia de abastecimento. “Apoiamos o sistema econômico baseado na livre iniciativa, e somos contra às práticas abusivas de preço, que impactam negativamente no controle de volume de compras, na inflação, e geram  tensões negociais e de ordem pública.

Na quinta-feira (3), a Abras comunicou à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, sobre os reajustes de preços dos itens citados acima, com o intuito de buscar soluções junto a todos os participantes dessa cadeia de fornecedores dos produtos comercializados nos supermercados”, esclareceu, em nota.

 

 

Produtos em alta deixam consumidores aborrecidos

 

O arroz de fato está mais caro, mas nem por isso a dona de casa Joana Maria, moradora do bairro Veneza II, abre mão da famosa combinação com o feijão, em seu prato. “Lá em casa comemos arroz praticamente todos os dias, quando não, comemos macarrão com alguma carne. Com esse preço, o que vamos fazer é uma adaptação. Em vez de comprar cinco sacos de arroz, vamos levar a metade. Alternativa para não ficar sem e não gastar tanto”, adianta.

Substituição

A nutricionista Natália Stofel orienta sobre o que pode ser preparado em substituição ao arroz, que faz parte do grupo dos carboidratos. “Caso as pessoas escolham fazer consumidor outro item, o ideal é que substitua por alimentos do mesmo grupo, como mandioca, batata doce, inhame, banana da terra, milho verde – espiga, não a opção enlatada-, batata e macarrão também”, aconselha.

Natália alerta que é essencial fazer essa substituição, pois o cereal pertence a um grupo de carboidratos que tem função de fornecer energia de forma rápida. “Por isso a importância de consumir outro alimento semelhante, para que se tenha uma alimentação equilibrada, mesmo sem o consumo do arroz”, conclui.

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