Em busca da resistência

 Em busca da resistência

Brusone: quebradora de resistências e de lavouras

Brusone é um dos maiores
desafios da orizicultura
no Brasil e no mundo
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Um dos maiores desafios da produção de arroz no Brasil de clima tropical é a brusone, doença que tem quebrado rapidamente a resistência de variedades do grão e, além das perdas, provoca o aumento substancial dos custos das lavouras com aplicações de fungicidas. Por causa do clima e da diversidade genética das raças de fungos, é difícil estabelecer barreiras estáveis de resistência nas plantas comerciais. Segundo as pesquisadoras Marta Cristina Corsi de Filippi e Valácia Lemes Silva-Lobo, fitopatologistas da Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio do Goiás (GO), autoras do Manual de Identificação de Doenças da Cultura do Arroz, a brusone é a principal doença que ocorre no arroz no Brasil, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae (Pyricularia oryzae).

Os sintomas característicos são pequenas pontuações de cor marrom nas folhas, que se desenvolvem em lesões de forma elíptica, com a borda marrom e o centro acinzentado. Aumentam em tamanho e número podendo queimar a superfície foliar sob condições climáticas favoráveis. Os mesmos sintomas podem ser observados nos colmos. Nas panículas a doença provoca o chochamento dos grãos. Os prejuízos são variáveis, sendo maiores em regiões tropicais em função do menor peso dos grãos e do aumento da esterilidade de espiguetas.

Em condições favoráveis a sua expansão, a perda de produtividade da lavoura pode chegar a 100%. É um mal que ocorre em todos locais em que se planta arroz no mundo, porém na região tropical as condições climáticas favorecem a ocorrência, como, por exemplo, a permanência de gotas de orvalho por períodos prolongados (molhamento foliar), acompanhado de temperaturas elevadas e baixa luminosidade. Em lavouras com sintomas severos da doença, as plantas perdem área verde das folhas, portanto realizam menos fotossíntese, diminuem a uniformidade da emissão das panículas, aumentam-se o número de espiguetas chochas, diminui-se o rendimento de engenho e a produtividade.

A pesquisadora Valácia Lemes Silva-Lobo explica que o fungo apresenta um ciclo de vida curto (em torno de cinco dias), porém com uma biologia complexa, pois é dotado de vários mecanismos genéticos que permitem variações intraespecíficas, conhecidas como raças. A frequência das raças aumenta e diminui com rapidez dentro de uma população deste fungo, mudando a raça-alvo (mais frequente anteriormente). Como a resistência genética de uma cultivar é selecionada para uma determinada raça-alvo, quando ocorre uma mudança do fungo esta não será reconhecida, permitindo o desenvolvimento da doença. Este fato, aliado à pressão de seleção causada pela uniformidade genética quando se planta uma única cultivar e as condições climáticas favoráveis, aumentam os danos.


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