Em Minas Gerais, agricultores plantam arroz nas entrelinhas dos cafezais
(Por Globo Rural) Onze unidades de arroz de sequeiro em consórcio com lavouras de café foram implantadas no sul de Minas Gerais como teste para que o Estado volte a ser um grande produtor do cereal que, junto com o feijão, é a base da alimentação do brasileiro. A ação é uma parceria entre Emater-MG, Epamig, Universidade Federal de Lavras e Embrapa Arroz e Feijão.
O plantio foi feito em outubro e a colheita vai ocorrer em março. Pesquisadores e estudantes estão acompanhando a produtividade, adaptabilidade, desenvolvimento e rentabilidade dos materiais. Nas unidades, serão avaliados também a altura, floração, acamamento e possíveis doenças.
A iniciativa faz parte do Programa de Melhoramento Genético de Arroz de Terras Altas de Minas Gerais, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). O plano é testar 18 cultivares de arroz em cidades do Vale do Jequitinhonha e Campo das Vertentes.
Na Unidade Regional da Emater-MG em Guaxupé, os testes ocorrem em Guaranésia, Monte Santo de Minas, Arceburgo, São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino, Jacuí, Bom Jesus da Penha e Guaxupé. Já na unidade de Alfenas, foram criados consórcios com o café em Lambari, Fama e Alfenas.
“Muitos produtores estavam interessados em usar uma planta de cobertura no meio do cafezal para melhorar o solo. Durante a Expocafé de 2023, falei dessa demanda com a pesquisadora da Epamig Janine Guedes e vimos a oportunidade de testar o arroz na região. Ao contrário do milho e soja, o cereal valorizou bastante no mercado e, ao ser plantado na entrelinha do cafezal, gera uma renda a mais para o cafeicultor”, disse em nota o extensionista da Emater-MG Geraldo José Rodrigues, que atua no programa Certifica Minas Café.
Os produtores selecionados para a instalação das unidades demonstrativas receberam as sementes e demais insumos sem custo.
Um dos selecionados, o cafeicultor João Eduardo de Paula Vieira, de São Sebastião do Paraíso, plantou 300 metros de linha de arroz e disse que a lavoura cresceu bem. “Eu plantei o arroz primeiro e depois o café. Estou animado, pois está tudo bonito. O arroz está grande e deve estar pronto para a colheita no próximo mês. Vai ser para o consumo da família, mas poderia ser vendido, gerando uma renda até o café produzir”, diz.
O cultivo do arroz de terras altas cresceu bastante nos últimos dois anos, devido à alta dos preços do produto. Nesta terça (07/02), a saca do grão (50 kg) em casca estava valendo R$ 119,37, segundo cotação do Centro de Estudos Avançados em Economia Agrícola (Cepea) da Esalq-USP, ante os R$ 87 na mesma época de 2023.
Minas Gerais já foi o 3º maior Estado produtor de arroz do Brasil e hoje ocupa a 18ª posição, com cerca de 10,3 mil toneladas em uma área de 3,2 mil hectares. Nos últimos anos, o cereal deu lugar à soja em muitas lavouras.