Em ressaca pós-Carnaval, colheita avança e mercado do arroz abre em queda
(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) Após o feriadão de Carnaval, o mercado do arroz no Rio Grande do Sul abriu sonolento e mais uma vez com a indústria sinalizando preços menores para a aquisição de novos lotes. A colheita já começou em algumas lavouras da Fronteira Oeste e dos litorais Norte e Sul gaúchos, mas ainda em números não expressivos. Os primeiros cortes estão ocorrendo, em especial, em lavouras de produção de sementes.
As cotações têm apresentado enfraquecimento gradativo à medida em que a colheita, que só deve alcançar um ponto mais relevante em março, aproxima-se. Atualmente, os fatores que incidem neste recuo das cotações são basicamente psicológicos. Nem as primeiras colheitas, ainda muito pontuais no Brasil e no Paraguai teriam volume para fazer todo este efeito que derrubou as médias gaúchas de mais de R$ 125,00 para R$ 108,00 a R$ 115,00, dependendo da região.
No entanto, a indústria segue a tendência, o varejo exige adequação dos preços à sua realidade e o produtor assiste sem muito interesse de venda. Algumas lavouras colhidas no cedo já tiveram negociação por produtores que quiseram “aproveitar” o preço da entressafra. Mas, volumes que não fazem a menor diferença no mercado. A indústria também está com problemas de colocar os estoques.
Mesmo com alta qualidade, o grão que chegou da Tailândia para alguns fornecedores ainda não rodou. Um problema de interpretação em um dos mais reconhecidos relatórios diários de mercado internacional, chegou a gerar a especulação da compra de mais dois barcos de arroz, pelo Brasil, na Tailândia. Mas, o relatório se referia ainda aos navios descarregados em janeiro.
No âmbito internacional, as notícias são de uma safra “normal” na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, porém com a nação guarani colhendo um pouco menos. Os cortes iniciais apresentaram retração em rendimento por área na faixa de 10% a 15%.
Nos Estados Unidos as especulações são de que os estoques serão os mais baixos dos últimos anos na virada do ano safra, em setembro/outubro, enquanto a área deverá ser aumentada em pelo menos 50 mil hectares para o arroz longo fino. A baixa expectativa de recuperação dos preços da soja, os preços praticados e a boa demanda dos canais de exportação – aliados a um pequeno avanço no consumo interno e a renovação da Farm Bill, cada vez mais provável – alavancam o ânimo estadunidense.
Depois de subir novamente, entre 3,5% e 6%, em janeiro nas gôndolas brasileiras, a expectativa é de que o reflexo da queda de preços na base, ou diretamente ao produtor, reflita apenas em março nas contas do consumidor no país. A média é de 30 a 45 dias para os preços caírem de ponta a ponta na cadeia produtiva.
Empresas brasileiras têm recebido sondagens de importadores, mas ainda não se chegou a preço que seja capaz de viabilizar novos negócios de grande volume. Os exportadores esperam um dólar acima de R$ 5,00 e a saca de arroz abaixo de R$ 100, que seria atualmente um bom valor para alcançar o mercado de forma competitiva. Mas, não há garantias neste sentido, embora não se possa descartar este cenário em médio prazo.