Embrapa apresenta resultados de parceria sobre o cultivo do arroz no Suriname
Projeto visa ampliar a produtividade das lavouras de sequeiro utilizadas pelo povo quilombola do Suriname, que atualmente não ultrapassa 1 tonelada por hectare. Cultivares de Terras Altas, da Embrapa, estão sendo avaliadas.
Apresentar os principais resultados do projeto: "Apoio ao melhoramento do cultivo do arroz em Suriname" e discutir as próximas ações a serem desenvolvidas no projeto trilateral que envolve a Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ministério da Agricultura de Suriname e a embaixada de Nova Zelândia no Brasil, esse foi o principal objetivo da reunião que ocorreu no dia 01/12/2016 na sala de reuniões da ABC. O projeto iniciou-se em abril com a instalação de experimentos para avaliação de cultivares (quatro do Brasil e três variedades locais de Suriname), além de experimentos para avaliar níveis de fertilização com nitrogênio, fósforo e potássio. Após isso, foi feita a colheita dos experimentos e depois a tabulação dos dados.
O projeto visa desenvolver tecnologias para incrementar a produtividade obtida pelo povo quilombola (descendentes de negros africanos) de Suriname. Esses pequenos agricultores utilizam técnicas rudimentares e possuem produtividade menor do que 1.000 kg/hectare. Por meio do projeto, realizou-se pesquisas para avaliar diferentes cultivares de arroz, sendo três de Suriname e quatro do Brasil. Além disso, se avaliou doses adequadas de nitrogênio, fósforo e potássio, que são os nutrientes mais requeridos em quantidade pelo arroz. A Embrapa Arroz e Feijão, por meio de seu pesquisador Adriano Stephan Nascente, que é o coordenador técnico do projeto, conduziu os experimentos com o auxílio da técnica do Ministério da Agricultura do Suriname, Ruby Kromokardi. O pesquisador esteve presente no país nas fases de semeadura, adubação e colheita dos experimentos. Juntamente com as pesquisas, o projeto prevê o uso de boas práticas de cultivo como adubação, espaçamento e população de plantas e controle de plantas daninhas para promover o aumento significativo da produtividade de grãos do arroz no país.
Na reunião do dia 01/12, o pesquisador Adriano Nascente apresentou um histórico das atividades desenvolvidas em Suriname. Com base nos trabalhos desenvolvidos, observou-se que as variedades brasileiras foram as mais produtivas, com produtividade de: BRS Esmeralda, 2.903 kg/ha, BRS Sertaneja, 2.802 kg/ha e BRSMG Curinga 2.255 kg/ha. Além disso, a dose de 76,41 kg/ha de nitrogênio proporcionou uma produtividade de 2.620 kg/ha, a dose de 31,45 kg/ha de potássio proporcionou uma produtividade de 2.952 kg/ha e a dose de 98,06 kg/ha de fósforo proporcionou uma produtividade de 3.085 kg/ha de grãos de arroz. Assim, com os experimentos, foi possível identificar a quantidade adequada de nutrientes para fertilizar o arroz, acrescenta Adriano Nascente.
Além dele, estiveram presentes na reunião o analista da ABC e coordenador administrativo do projeto, André Galvão; o técnico agrícola da Embrapa Arroz e Feijão, Antônio da Conceição; Natasha Halfhuid, ministra conselheira da embaixada de Suriname; Carl Lijong, segundo secretário da embaixada de Suriname; Jannine McCabe, chefe adjunto da Embaixada de Nova Zelândia; Jaqueline Gil, assessora política da Embaixada de Nova Zelândia; e Michelline Lins, analista de cooperação internacional da Embrapa, além disso, participou à distância pela internet, o pesquisador David Whitehead, da Land Care (instituição similar à Embrapa na Nova Zelândia), que também colabora com o projeto.
André Galvão ressaltou os bons resultados obtidos no projeto, em que a produtividade foi bem superior do que a alcançada pelos quilombolas. Já Natasha Halfhuid disse que essas ações vão ajudar que eles se tornem autossuficientes na produção de arroz, não tendo a necessidade de comprar de outras regiões do país.
Após a reunião, a embaixatriz de Nova Zelândia, Sra. Caroline Bilkey, ofereceu um coquetel para celebrar os bons resultados do projeto. Ela disse que esse era o primeiro projeto em parceria com o Brasil e, devido aos resultados, estava muito satisfeita e feliz que a iniciativa tenha proporcionado incrementos significativos na produtividade de arroz. O embaixador João Almiro, diretor da ABC, agradeceu a parceria e ressaltou o trabalho desenvolvido pela Embrapa, que é considerada uma referência em pesquisa no mundo tropical.
Próximos passos
Com base nos resultados, Adriano Nascente viajou para o Suriname no dia 03/12 para instalar unidades demonstrativas em Adjonie, Klarkrec e Brokopondo, locais em que se encontra concentrada grande parte da população de quilombolas para que eles tenham acesso às inovações tecnológicas e possam utilizar em suas lavouras. Durante essa próxima missão, o pesquisador será auxiliado pela técnica do Ministério de Agricultura de Suriname, Ruby Kromokardi. Adicionalmente, em Suriname, será realizada uma reunião de avaliação do projeto com o ministro da Agricultura de Suriname e o embaixador do Brasil no país. Para 2017, está prevista a execução de um curso para técnicos do Suriname, visando capacitá-los para orientar os produtores quilombolas no uso das técnicas de cultivo do arroz.