Embrapa implantará a produção integrada de arroz irrigado no Brasil

O sistema leva em conta aspectos essenciais da sustentabilidade ambiental e contribui para a colheita de grãos do cereal isentos de resíduos de contaminação.

A Embrapa Clima Temperado, sedida em Pelotas (RS), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, começa agora a dar os primeiros passos concretos no sentido de implantar, em nível nacional, a Produção Integrada de Arroz Irrigado (PIA), um sistema que, sem comprometer a produção, leva em conta aspectos essenciais da sustentabilidade ambiental e contribui para a colheita de grãos do cereal isentos de resíduos de contaminação, garantindo também maior competitividade para o arroz brasileiro nos mercados internacionais.

A contribuição da Embrapa Clima Temperado para o tema teve início há cerca de 4 anos, a partir de trabalho apresentado em reunião técnica de nível nacional pela pesquisadora Maria Laura Mattos. De lá para cá, o sistema ganhou a adesão de outros pesquisadores, de integrantes da cadeia produtiva e de instituições públicas e privadas, entre as quais o próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Em 2005, serão elaboradas as normas que regulamentarão o funcionamento da PIA. Mas já em 2004, até o final do ano, a Embrapa Clima Temperado estará realizando Workshop sobre o tema, em parceria com o Mapa, visando internalizar a proposta técnica junto aos produtores e instituições da cadeia produtiva do arroz irrigado.

PRIORIZAR O GRÃO E O AMBIENTE

Maria Laura lembra que o mercado mundial, consumidor de grãos, tem estabelecido requerimentos fitossanitários rigorosos para a importação de grãos, o que exige uma visão diferenciada de produção, priorizando a qualidade do grão e o meio ambiente. Todos os aspectos de qualidade de alimentos relacionados à proteção da vida e bem-estar do consumidor, incluindo o cenário de qualidade alimentar, segurança e padrões de dieta, também estão sendo requeridos.

Atualmente, o arroz é ainda comercializado como uma commoditie, enfocando principalmente a quantidade do produto, buscando abastecer o mercado interno. “Apesar de ser um dos produtos da dieta básica do brasileiro, muitos ainda não têm acesso a este alimento”, lembra a pesquisadora.

Por outro lado, existe a oportunidade do Brasil, de médio a longo prazos, tornar-se um exportador de arroz, considerando a restrição de área para cultivo deste cereal em outros países, principalmente na Ásia, e o comprometimento da quantidade e qualidade da água. Neste contexto, a Produção Integrada de Arroz Irrigado (PIA) poderá atender dois focos extremos da política governamental brasileira: fornecimento de alimento básico a camadas menos favorecidas da população (inclusão social) e maior competitividade do agronegócio orizícola no atendimento de mercados internos diferenciados e internacionais, todos demandantes por sistemas de exploração agrícola sustentáveis.

MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

Com a introdução do sistema PIA, principalmente apoiada em princípios do Manejo Integrado de Pragas, Maria Laura estima que serão reduzidas as aplicações de insumos agrícolas, passando a cultura irrigada a ser conduzida segundo normas que visam a produção do cereal com sustentabilidade ambiental.

Para isto, será necessário o acompanhamento da pesquisa e a participação de uma equipe multidisciplinar junto aos produtores, para o estabelecimento dos planos de gestão das propriedades, visando assegurar o sucesso desta proposta por meio da colocação em prática da norma de PIA por região, de modo a permitir a utilização de um selo de qualidade para o arroz irrigado produzido no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Roraima.O selo de qualidade no arroz irrigado permitirá a rastreabilidade do sistema de produção, facilitando a exportação e a aceitação pelo consumidor.

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