Embrapa lança coleção nuclear de arroz

São 550 amostras possuidoras de maior potencial para geração de cultivares mais adaptadas, produtivas e com maior resistência a pragas, doenças e plantas daninhas.

A Embrapa Arroz e Feijão, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realizou nesta quinta-feira (04/10) a solenidade de comemoração de seu aniversário de 33 anos.

Na ocasião, o pesquisador Cláudio Brondani apresentou em palestra a Coleção Nuclear de Arroz da Embrapa (CNAE). Trata-se do conjunto de amostras de sementes de arroz que representam de maneira mais significativa a variabilidade genética da cultura. São 550 amostras possuidoras de maior potencial para geração de cultivares mais adaptadas, produtivas e com maior resistência a pragas, doenças e plantas daninhas.

As amostras presentes na CNAE foram selecionadas, por meio da avaliação agronômica e da análise molecular ao longo de seis anos, dentro de um total de 10.000 amostras. Estas constituem o patrimônio genético das sementes de arroz do Brasil reunido pela Embrapa desde meados da década de 1970. Esse acervo é importante porque os pesquisadores o utilizam em cruzamentos para ampliar a base genética na busca por novas cultivares. O problema é que, até então, apesar de numeroso, esse contingente de amostras também tinha sementes muito “aparentadas”, o que não conferia tanta eficiência ao trabalho do melhoramento de plantas.

Segundo Brondani, a CNAE estará disponível à comunidade científica brasileira para consultas. Na página da internet da Embrapa Arroz e Feijão (www.cnpaf.embrapa.br), pode-se acessar as características agronômicas e moleculares desse acervo. Além disso, para os centros de pesquisa que tradicionalmente possuem programas de melhoramento, como o Instituto Agronômico de Campinas, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina e o Instituto Riograndense do Arroz, serão enviadas sementes das 550 amostras.

Brondani disse que um trabalho como esse não possui precedente no Brasil. No entanto, existem coleções nucleares no Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz (IRRI), nas Filipinas; no Instituto Nacional da China de Pesquisas em Arroz (CAAS); e no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Contudo, em nenhum deles há a publicação dos dados de caracterização das amostras no detalhe que a CNAE está divulgando.

Um outro aspecto importante ressaltado por Brondani é que mais da metade das 550 amostras são de variedades tradicionais ou crioulas coletadas em vários estados brasileiros. Com isso, as comunidades que porventura venham a perder suas sementes poderão recorrer ao acervo da CNAE.

– Os pequenos agricultores são justamente um dos públicos-alvo. Com o suporte de técnicos da Emater de seus estados, eles poderão escolher a variedade que melhor atenda suas necessidades e fazer o pedido de uma amostra de sementes para multiplicação e posterior estabelecimento de suas lavouras – afirmou Brondani.

A solenidade de aniversário contou com a presença do assessor da Diretoria-executiva da Embrapa, Ruy Rezende Fontes, que em seu pronunciamento destacou o momento positivo vivido pela empresa. Ele citou a repercussão do noticiário internacional desta semana nos veículos New York Times e na BBC, que evidenciaram o país como líder em desenvolvimento agropecuário na região tropical, atribuindo boa parte desse sucesso à Embrapa.

Além disso, mencionou o reconhecimento da comunidade científica no Brasil em uma reunião no Palácio do Planalto, do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, a qual teve a participação do diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana. Nesse evento, a empresa foi considerada “um bem sucedido modelo de rede de pesquisa”.

– A Embrapa, e nós não podemos esquecer evidentemente de seus parceiros, tem uma grande importância no desenvolvimento da agricultura. E esses elogios que recebemos nos dias de hoje, com certeza, se devem também a criação há 33 anos da Embrapa Arroz e Feijão que faz parte de nossa empresa – declarou Fontes.

Integrando a programação do aniversário, houve ainda uma homenagem aos empregados que se desligaram recentemente da empresa, bem como àqueles recém-contratados. Dentre os primeiros, encontram-se Emilio da Maia de Castro, Luiz Rocha de Lins, José Ribeiro Otoni, Natalina Dias Ferreira, Lindomar Dias da Silva, Laudilino Pereira da Cunha Neto e Marina Aparecida Souza de Oliveira. Já os novos funcionários são Adriane Wendland, Adriano Pereira de Castro, Aluísio Goulart Silva, Ana Paula Fernandes Cherubino, Arnoldo Daher Junqueira, Eduardo da Costa Eifert, Enderson Petrônio de Brito Ferreira, Helton Santos Pereira, Jaison Pereira de Oliveira, Mariana Cruzick de Souza Magaldi, Paula Arielle Mendes Ribeiro Valdisser e Tereza Cristina de Oliveira Borba.

Ao término da solenidade de aniversário, seguiu-se a reunião do Comitê Assessor Externo da Embrapa Arroz e Feijão (CAE), órgão consultivo que tem como finalidade auxiliar o planejamento do trabalho executado pelo centro de pesquisa em todo o Brasil. O CAE é composto por representantes da Embrapa e de diferentes segmentos do agronegócio como Angelo Carlos Maronezzi, Durval Dourado Neto, João Bosco Umbelino dos Santos, Marcos Antonio Lolato, Nelson Costa e Gláucia Maria Pastori.

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