Enchente destrói plantações de arroz no Delta do Rio Ivaí (PR)

 Enchente destrói plantações de arroz no Delta do Rio Ivaí (PR)

Lavouras e propriedades ficaram submersas na região

Um terço da área cultivada com o cereal, no “Delta do Ivaí”, já foi perdida pela cheia. Prejuízos devem alcançar também os produtores de leite e os de mandioca.

Pelo menos um terço da área cultiva com arroz irrigado na região de Querência do Norte (a 200 quilômetros de Maringá) já foi destruído pela enchente do Rio Ivaí, próximo à foz, no Rio Paraná. Há duas semanas que a área conhecida como "Delta do Ivaí" está coberta pelas águas, o que apodreceu parte das plantações, semeadas entre setembro e outubro, e impedem a continuidade do plantio.

Querência do Norte é considerada a capital do arroz irrigado e semeia entre 6,5 mil e 7 mil hectares a cada safra, colhendo, em condições normais, cerca de 150 sacas, por hectare. Há vários anos o cereal é a base da economia do município e a cultura é explorada tanto em grandes fazendas quanto nos assentamentos de ex-trabalhadores sem terra.

De acordo com o secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Pecuária, Ricardo Paulino da Silva, a enchente foi provocada com a subida do nível das águas do Rio Paraná, o que represou o Ivaí, que se espalhou por todo delta. "As chuvas na região das cabeceiras do Ivaí têm sido em grande volume, o rio encheu e transbordou, invadindo as propriedades", destaca. Em alguns pontos, a água chegou a passar de um metro acima do solo.

Paulino ressalta haver caso onde apenas um produtor já perdeu cerca de 30 alqueires (72,5 hectares) e conta como perdidas as cerca de 9 mil sacas que deveria colher. Esse agricultor deverá sofrer um prejuízo em torno de R$ 600 mil.

"A gente já está acostumado com os humores da natureza, mas ninguém está preparado para o prejuízo", comenta o agricultor Elias Fernandes, que calcula a perda de 20 alqueires do plantio na propriedade dele e um prejuízo próximo de R$ 400 mil. "O problema é que muitos dos que perdem a safra têm dívidas com o Banco do Brasil e vão ficar complicados", acrescenta.

O assentamento Che Guevara e produtores vizinhos tiveram cerca de 600 alqueires alagados e devem deixar de produzir cerca de 160 mil sacas nesta safra.

O secretário afirma que, como a agricultura de Querência do Norte é bastante diversificada, os prejuízos devem alcançar também os produtores de leite e os de mandioca. Apenas os plantadores de soja serão menos atingidos por, geralmente, plantarem em regiões mais altas.

"Tiro leite, todos os dias, mas não tenho como entregar ao laticínio", lamenta o pequeno pecuarista Matias Soares. Segundo ele, as chuvas destruíram as estradas e o caminhão que passa nas propriedades recolhendo o produto não consegue chegar. O rio saiu tão longe fora do leito que é possível encontrar peixes em estradas, arrozais, plantações de mandioca e pastagens. Muitos destes peixes eram de tanques de criação.

O prefeito Carlos Benvenutti decretou estado de calamidade pública e alerta que se não contar com ajuda dos governos estadual e federal a situação de Querência do Norte ficará complicada. Segundo ele, todas as estradas estão esburacadas; algumas intransitáveis; e 12 pontes rodaram, a ponto de o transporte escolar não ser feito em algumas regiões do município. "Esta é uma região de solo arenoso, que desagrega com facilidade com o excesso de chuvas", declara.

Para Benvenutti, o problema já é grande, mas pode piorar, porque as chuvas continuam na maior parte do Estado.

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