Entidades buscam tornar Estado autossuficiente na produção de etanol

Com apoio do governo do Estado, em breve, o projeto da Vinema, orçado em R$ 720 milhões, deverá ser lançado oficialmente.

O Rio Grande do Sul produz 1% do etanol que consome. Com demanda de mais de 1 bilhão de litros, é responsável pela industrialização de 6 milhões de litros/ano. Esta realidade está prestes a mudar, segundo o engenheiro Vilson Neumann Machado, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Vinema Biorefinarias do Sul que, junto com o presidente da Federarroz, Renato Rocha, apresentou, na tarde de ontem, projeto para implementação da primeira unidade de biorefinaria a partir de cereais para o Rio Grande do Sul, prevista para ser erguida na cidade de Cristal (situada entre Pelotas e Porto Alegre), no decorrer de 2014.

A apresentação do projeto ocorreu durante painel sobre a Situação da Produção do Etanol no Estado – Usinas e Projetos, que integrou o primeiro dia da programação do IV Simpósio Estadual de Agroenergia, que se estende até amanhã, no Centro de Conferências da Amrigs. O evento reúne agricultores, cientistas, empresários, políticos e universitários da Capital, para discutir as principais questões que afetam a competitividade das cadeias produtivas do biodiesel, biogás e do etanol no Rio Grande do Sul.

Promovido em parceria pela Embrapa Clima Temperado, Emater/RS, Fepagro e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o simpósio conta com a participação de representantes do governo, pesquisadores e produtores. Ontem, o foco dos debates girou em torno de ações para desenvolver o Estado na produção comercial do etanol.

No caso do etanol que será produzido pela biorefinaria da Vinema, o cereal principal será o arroz. “A empresa desenvolveu junto com a Embrapa um cultivar de arroz, lançado neste ano em Restiga Seca, que é altamente produtivo para etanol”, destacou Machado. Este cultivar será a base do projeto apresentado, que, segundo o engenheiro, deverá utilizar também outras matérias primas, como sorgo, triticale, trigo e batata-doce. “Esta será a primeira unidade total flex do Brasil”, frisou o painelista.

Com apoio do governo do Estado, em breve, o projeto da Vinema, orçado em R$ 720 milhões, deverá ser lançado oficialmente. Serão 15 unidades, cada uma com capacidade de produzir 300 mil litros/dia, num total de 600 milhões de litros de etanol por ano, o que garantirá 46% da demanda do Estado. A ideia é integrar indústria, governo e agricultores (cerca de 2 mil localizados na região Centro-Sul). “O projeto é pioneiro e nasceu no Ministério da Agricultura”, valorizou Machado.

O coordenador da Agroenergia Emater, Alencar Paulo Rugeri, lembrou que, atualmente, dos 38 mil hectares onde é produzida cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul, somente 3 mil hectares são para fins de produção comercial de etanol. Segundo ele, para atender o consumo interno do produto, o Estado precisaria de 350 mil hectares de área cultivada. “As pesquisas estão prontas, agora temos que levar isso a campo para os produtores”, ressaltou Rugeri.

Restrito ao eixo de São Paulo e parte do Nordeste até a pouco tempo, o etanol de cana-de-açúcar é uma das alternativas de agroenergia defendidas no evento. No Estado, é um negócio relativamente novo (foi implementado no polo de São Borja e arredores). “Ainda será preciso esperar uns 15 anos para ver como se consolida. Mas tenho a expectativa de que ao menos para abastecimento interno e num círculo que possa atingir Santa Catarina, Uruguai e Argentina, o Rio Grande do Sul pode se especializar na produção de bioetanol”, opinou o pesquisador da Embrapa Soja, Décio Luiz Gazzoni, que também palestrou no evento.

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