Entidades reclamam da falta de apoio

Curupati-peixe integra outras duas cooperativas da região e produz cerca de 270 toneladas de tilápia.

As cooperações reunindo agricultores são o tipo mais comum de cooperativas no Interior do Estado. O cooperativismo agrícola representou a ascensão dos pequenos produtores de sequeiro para a modernização da agricultura irrigada. Por muito tempo fizeram o melhor lema da união que faz a força, receberam vultosos financiamentos bancários e movimentaram milhões.

A realidade atual predominante é de estagnação. Muito dinheiro na mão e poucas técnicas, ausência de consultoria e falta de capacitação levaram a maioria das cooperativas agrícolas para a lista de inadimplência bancária. As que sobrevivem o fazem com investimento próprio e as que surgiram apenas recentemente tentam retomar a credibilidade do regime cooperativista.

A principal reclamação de muitas cooperativas agrícolas é que falta capital de giro. Pudera, inadimplentes, os pequenos produtores não conseguem contrair empréstimos junto ao Banco do Nordeste, principal agente financeiro para os projetos agrícolas.

– A gente já tentou diversas vezes um empréstimo, alguns cooperados até conseguem, mas individualmente, porque a cooperativa é prejudicada pelas dívidas – afirma José de Freitas, o “Zezé”, gerente comercial da Cooperativa dos Irrigantes do Vale do Banabuiú (Civab), que reúne, com outras três cooperativas, 965 pequenos agricultores do Perímetro irrigado de Morada Nova, que faz parte dos municípios de Limoeiro do Norte (40% do perímetro) e Morada Nova (60%) em aproximadamente cinco mil hectares.

O carro-chefe da Civab é o arroz, responsável por 80% da receita produtiva agrícola e faturamento próximo de R$ 14 milhões por ano. Nem por isso a situação é ao menos regular. Os produtores reclamam da estrutura precária, apesar do enorme potencial produtivo – cerca de 6 mil kg de arroz por dia. A Civab congrega outras três siglas: Capivabi, COPAMN e Capi. Juntas, batem na porta do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A intenção é recuperar o crédito na praça e, para isso, ter apoio do governo federal para o pagamento das dívidas.

Até agora, o que conseguiram de concreto foi uma máquina de empacotamento de arroz. Para o cooperado Zezé de Freitas, não falta financiamento bancário para “os grandes”, e os “pequenos” não têm vez. A Civab existe, e resiste, há 30 anos. A cooperativa do Curupati-Peixe, integrada a outras duas cooperativas da região, tem produzindo cerca de 270 toneladas de peixe tilápia – em tanques de imersão – por mês.

FIQUE POR DENTRO

Investimento foi maior na década de 1990

O modelo cooperativo de organização, principalmente de pequenos produtores, no Estado do Ceará, teve seu auge durante os anos 90, quando foram investidos mais de R$ 30 milhões para ex-agricultores de sequeiro especialmente na região jaguaribana, notadamente Limoeiro do Norte, por meio do Banco do Nordeste. Uma cooperativa chegou a captar até R$ 3 milhões.

Na época, a agencia do Banco do Nordeste em Limoeiro chegou a ocupar o 11º lugar em lucro líquido dentre todas as agências no Brasil. Em seguida, foram feitos empréstimos de investimento. Dinheiro era emprestado a fundo perdido e sem trabalho de consultoria e tudo não passou de uma bolha econômica. Em 1994, inicia a crise das cooperativas.

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