Epagri moderniza gestão das pesquisas com arroz irrigado

Antes usado basicamente para a produção de sementes de arroz e treinamento de agricultores, o Cetrar, de Araranguá, teve a área de campo convertida em unidade de pesquisa.

No início de 2009, a diretoria e a equipe de pesquisa em arroz da Epagri tinham um desafio: era preciso ampliar os estudos na área para atender melhor as demandas do Estado, mas o espaço físico na Estação Experimental de Itajaí (EEI) já não era suficiente. Foi quando se percebeu que o Centro de Treinamento de Araranguá (Cetrar) poderia ter uma importância estratégica no processo.

A identificação dessa oportunidade desencadeou uma mudança de gestão inédita na Epagri, permitindo ampliar as pesquisas com arroz irrigado e fomentar ainda mais a atividade que gera renda para cerca de 8 mil agricultores em Santa Catarina.

Antes usado basicamente para a produção de sementes de arroz e treinamento de agricultores, o Cetrar teve a área de campo convertida em unidade de pesquisa. “A maior região produtora de arroz de Santa Catarina é o Sul. Percebemos que isso poderia trazer uma série de benefícios para o setor”, explica Edson Silva, ex-diretor de ciência, tecnologia e inovação da Epagri e atual chefe do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia da Empresa (Ciram).

O local passou a ser usado para a realização de experimentos com arroz irrigado no sistema orgânico e com tipos especiais do cereal, como vermelho, preto e cateto. De forma articulada, os pesquisadores da EEI gerenciam e acompanham as ações de pesquisa no Cetrar, que continua desempenhando também as atividades de um centro de treinamento. “A mudança permitiu reduzir custos, aproveitando melhor os recursos da Empresa, dispensando a necessidade de criar uma nova unidade e explorando melhor o potencial dos pesquisadores”, ressalta Edson.

Sucesso

Os resultados superaram as expectativas. A produtividade média nos experimentos alcançou 7t/ha na primeira safra e os pesquisadores identificaram bom desempenho em campo das variedades Epagri 108, Epagri 109, SCSBRS TioTaka, SCS 114 Andosan e SCS 116 Satoru em sistema orgânico. “No ano agrícola 2009/2010, 11ha dos 23ha cultivados com arroz no Cetrar foram conduzidos no sistema orgânico para atender os experimentos de pesquisa e testar, em maior escala, a produção para consumo. Com os mesmos objetivos, para a safra 2010/2011, a área de produção orgânica foi ampliada para 18ha”, conta Rene Kleveston, engenheiro-agrônomo do Cetrar responsável pelo projeto de arroz no Sul do Estado.

Um dos produtores que se animou com a iniciativa foi Márcio Antônio Neto, do município de Ermo, que já destinou uma área na propriedade para fazer pesquisa participativa na produção orgânica de arroz. “O Cetrar sempre foi nossa referência em técnicas de produção e, agora, mais produtores vão apostar na produção sustentável”, acredita.

A articulação com o setor produtivo é um diferencial nas pesquisas da Epagri com arroz irrigado. Em reuniões e grupos de discussão, agricultores, extensionistas, técnicos, sindicatos, associações e cooperativas definem as prioridades do trabalho com os pesquisadores. “A participação dos agricultores tem importância fundamental no trabalho de pesquisa, especialmente na avaliação das tecnologias de forma participativa”, destaca o engenheiro-agrônomo José Alberto Noldin, coordenador do projeto de pesquisa com arroz irrigado na Epagri.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter