Equilíbrio distante
Dos três acordos internacionais em evidência, o que mais interessa aos arrozeiros brasileiros é o Mercosul. A enxurrada de produto dos países vizinhos que entra no mercado doméstico é considerada um dos principais fatores de achatamento dos preços nacionais. O que atinge o coração do mercado brasileiro, em São Paulo e Minas Gerais, é o Paraguai, uma vez que a diferença do custo de produção para o gaúcho chega a 800 dólares por hectare, segundo produtores e consultorias que atuam nos dois países.
Isso permitiu, por exemplo, que a tonelada de arroz polido do Paraguai fosse colocada em São Paulo por 327,83 dólares de média em maio, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor ficou 130 dólares abaixo do valor da tonelada que o Brasil exporta. Em junho, a média subiu para 338,28 dólares.
Os arrozeiros pediram ao governo a liberação da compra de insumos no mercado internacional, equalização da carga tributária (em especial ICMS), rigor na inspeção fitossanitária nas fronteiras e estabelecimento de um fluxo de entrada do grão paraguaio no segundo semestre do ano-safra para não pressionar as cotações internas na época de colheita.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, negocia um protocolo de entendimento com o equivalente paraguaio Denis Lichi e propôs a organização de um acordo entre o setor privado dos países sobre períodos de exportação. Segundo ela, o problema não é o volume, “mas questões pontuais de impostos em alguns estados e o período de importação”.
Para a ministra, a força exercida por comerciantes nos meses em que a produção é colhida joga o preço para baixo e os arrozeiros têm sofrido com isso. “Esse ano houve quebra de safra e mesmo assim o preço não recuperou para compensar custos de produção”. De acordo com Tereza Cristina, esse não é assunto do governo, “mas podemos organizar a conversa para melhorar a situação”.
Conforme a dirigente, o Mapa trabalha para ampliar mercados em vez de disputar espaço no mercado do Cone Sul. Em reunião com os ministros do agronegócio dos países vizinhos, na Argentina, assegurou que não haverá barreiras ou restrições ao arroz ou ao leite do bloco econômico.