Esforço concentrado deve reduzir estoque de passagem

Para o diretor de Mercados da Federarroz e colunista da Revista Planeta Arroz, Marco Aurélio Marques Tavares, o mercado tende a se recuperar até o final do ano com ajuste dos excedentes do Mercosul e do estoque de passagem brasileiro, se concretizadas as tratativas estabelecidas no Mercosul. Este novo cenário foi negociado pela cadeia produtiva do Brasil, da Argentina e do Uruguai.

As inúmeras tratativas da cadeia produtiva do arroz do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, que culminou com a formação da Câmara Setorial do Arroz do Mercosul na última semana, na Argentina, devem trazer um resultado prático para o mercado. Segundo o diretor de Mercados da Federarroz, Marco Aurélio Marques Tavares, o “xis” da questão está no esforço concentrado para reduzir o impacto dos excedentes do Mercosul no mercado brasileiro.

No Congresso da Cadeia Produtiva do Arroz do Mercosul, Tavares apresentou dados indicando que o ingresso no Brasil de 1,4 milhão de toneladas de arroz da Argentina e do Uruguai deprimiriam os preços em todo o Mercosul e provocariam perdas significativas para o setor. “Os argentinos e uruguaios perceberam esta realidade e vão redirecionar seus excedentes, reduzindo a pressão sobre o mercado brasileiro neste segundo semestre e a expectativa de volume sobre o estoque de passagem”, frisou Tavares.

Na safra 2003/2004, a expectativa brasileira era de uma importação de 800 mil toneladas de arroz do Mercosul. Com a redução do PIS/Cofins, estes produtos se tornaram altamente competitivos e esta expectativa passou para 1,4 milhão de toneladas. Isso fez com que o mercado passasse a ler um estoque de passagem de 1,7 milhão de toneladas no Brasil.

Até julho, entraram no Brasil 328 mil toneladas de arroz (base casca), perfazendo uma média de 65 mil toneladas/mês, o equivalente a 13% da demanda gaúcha (consumo + vendas para outros estados) e 6,5% do consumo nacional. “Estes excedentes são o grande fator de interferência no mercado”, explica Marco Aurélio Marques Tavares. O Uruguai teria mais 600 mil toneladas de arroz para trazer para o Brasil, mas se comprometeu a redirecionar 50% deste volume para terceiros mercados.

O mesmo fez a Argentina, que ainda teria 400 mil toneladas para internalizar no Brasil. No caso da Argentina, uma série de negócios estão sendo desenvolvidos para a abertura de livre comércio com o Chile e a Comunidade Andina, onde o arroz figura como um dos principais produtos. Sendo assim, a expectativa é de que o estoque de passagem brasileiro fique em torno de 1,2 milhão de toneladas de arroz, o equivalente a um mês de consumo brasileiro.

Sendo assim, com a expectativa de um estoque de passagem novamente na faixa de 1,2 milhão de toneladas e a redução das pressões do arroz do Mercosul que já estão sendo registradas, é possível que os preços voltem a registrar uma ligeira recuperação no segundo semestre. A recuperação da economia brasileira pode ser uma importante aliada, gerando o aumento de consumo tão desejado pelo setor. Há uma leitura indicando que para cada ponto de crescimento da economia, representaria um aumento de pelo menos 100 mil toneladas de arroz no país.

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