Está na hora de solidificar
Analista da Embrapa sustenta que país precisa manter as exportações para não perder a credibilidade
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Um estudo realizado pela Embrapa Arroz e Feijão (GO) – apresentado no 6º Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado (6º CBAI) e publicado na edição de dezembro de Planeta Arroz – prevê que a sustentação do crescimento da orizicultura brasileira depende de encontrar maneiras de consumir a produção excedente. O trabalho indica que se não houver alterações no ritmo estabelecido de produção e demanda de arroz no Brasil haverá superávit de 3,4% a 17,1% no período de 2010 a 2020.
Para o analista da Embrapa e autor da pesquisa, Carlos Magri, são três alternativas que a orizicultura nacional possui diante desse cenário: diminuir o ritmo de evolução da produção, estimular o consumo ou exportar o excedente. Destas, a opção pela exportação, conforme Magri, é a que se apresenta com possibilidade de dar resposta a curto prazo.
Mas como falar em exportar os excedentes em um momento em que o Rio Grande do Sul registra quebra de safra devido a fatores climáticos, os preços estão em alta e o câmbio desfavorável? A resposta pode estar escondida na própria pergunta. Antes do El Niño as safras gaúcha e brasileira para o período 2009/2010 estavam estimadas em 8.216.664 toneladas e 13.125.710 toneladas, respectivamente, conforme dados do IBGE e Ipea.
Na análise de Magri, fenômenos climáticos como a incidência do El Niño não mudam o rumo das coisas. Isso faz parte da agricultura. “A projeção segue uma tendência que é baseada em acontecimentos históricos. O problema é quando acontece uma quebra na estrutura da produção ou na infraestrutura do país, quando ocorre uma mudança de paradigma. Não é o caso do Brasil”, argumenta.
Magri sustenta que a razão para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina serem muito competitivos na produção de arroz é que mesmo em épocas mais favoráveis ambos os estados continuaram investindo pesado em pesquisa e tecnologia. Para ele, o momento desfavorável não compromete a capacidade do Brasil em firmar-se como um importante player internacional. “As pessoas projetam o pior cenário possível e o Governo, por sua vez, não pode deixar o preço subir. É que antes nunca se trabalhou com a possibilidade de se ter uma participação efetiva no mercado internacional”, lembra.
Apesar deste quadro, o analista da Embrapa reforça a importância de se manter as vendas externas e cabe ao RS mostrar para o Governo Federal que é importante continuar exportando. “Está na hora de solidificar. O país precisa manter o canal aberto, senão perde a credibilidade”, enfatiza.