Estados de graça
Grandes produtores vão avançar no cultivo
.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que o Rio Grande do Sul, principal estado produtor do Brasil, vai ter um aumento produtivo superior a 1 milhão de toneladas na nova safra. O volume a ser colhido deve ficar entre 8,258 e 8,630 milhões de toneladas, registrando avanço de 12,3% a 17,3% sobre as 7,356 milhões coletadas na temporada passada. Entusiasmados pelos bons preços de comercialização do segundo semestre, boa disponibilidade de água e indicação de um clima mais favorável, os gaúchos estão ampliando a área cultivada com o cereal.
A superfície que deve terminar a semeadura nos primeiros dias de dezembro chegou a 15 de novembro com cerca de 85% da área cultivada e gira entre 1 milhão e 1,150 milhão de hectares. Embora as entidades e instituições locais confirmem o aumento territorial do grão desde setembro, a Conab preferiu considerar a expectativa de comportamento misto, ou seja, que o plantio pode reduzir até 2,3% ou subir 6,9% sobre os 1,076 milhão de hectares cultivados em 2015/16 pelos gaúchos.
O rendimento – também em função do clima, do melhor aproveitamento das tecnologias e maior área semeada dentro da faixa ótima recomendada pela pesquisa – sobe 9,7%, para 7.503 quilos por hectare, diante dos 6.837 quilos gerados, em média, nas lavouras gaúchas no ciclo passado. Apesar de arrancar com a semeadura em tempo recorde, a partir de 15 de outubro o arrozeiro gaúcho teve que interromper as operações em todo o estado, pois chuvas intensas determinaram a ocorrência de alagamentos, enxurradas e enchentes que impediram o avanço da semeadura.
As regiões mais adiantadas, segundo dados do Instituto Rio Grandense do Arroz, são a Fronteira Oeste e Campanha, com 80% da área já semeada, seguidas da Zona Sul, com 75%, e da Planície Costeira Interna, com 50%. As regiões mais atrasadas são a Central e a Planície Costeira Externa, que não atingiram 25% da área pretendida até a primeira semana de novembro. A necessidade de ressemeadura e reconstrução de taipas e canais de irrigação ou drenagem afeta todas as regiões com maior ou menor intensidade.
A preocupação dos produtores se agrava devido à falta de semente para ressemeadura, bem como o alto preço e a escassez de recursos. A semente de arroz Puitá custava, em média, R$ 2,35/quilo, enquanto a mais empregada, Irga 4524 RI, R$ 3,75/quilo. As lavouras menos atingidas pelas intempéries apresentam germinação e estande satisfatórios. “O clima trará problemas pontuais, mas não com as características catastróficas da safra passada”, reconhece o diretor técnico do Irga, Maurício Fischer.
CATARINA
Em Santa Catarina os números são mais estáveis, segundo projeta a Conab. A colheita deve totalizar 1,048 a 1,053 milhão de toneladas, diante das 1,052 milhão colhidas na safra 2015/16. O estado é o segundo maior produtor de arroz do Brasil, superando Tocantins, o terceiro, e Mato Grosso, o quarto. Maranhão e Pará completam o Top 6.
Nesta temporada, segundo o levantamento da Conab, o plantio em Santa Catarina começou um pouco mais tarde em comparação com o ano passado devido à permanência do clima frio na época de plantio, que atrasou também a germinação em algumas localidades. No Sul Catarinense a operação de plantio encerrou-se em novembro, mas no Norte, na primeira semana de novembro já estava concluída. Os produtores estão otimistas, esperando colher média de 7.115 quilos por hectare. A área cultivada vai se manter estável. A produtividade pode não aumentar consideravelmente pelo uso de semente salva.