Estoques finais de arroz seguem subestimados pela Conab

Neste momento, fica a dúvida aonde a Conab vai “ajustar” os números dessa vez.

Como já havíamos abordado no mês passado, novamente, a Conab terá que revisar o estoque final de arroz projetado para essa safra 2009/2010. Nesta quinta-feira (05/08), a Conab divulgou o resultado do 11º levantamento da safra brasileira de grãos. Foram feitos alguns ajustes no quadro de oferta e demanda de arroz, mas insuficientes para corrigir a projeção de estoques finais dessa safra 2009/2010. A Conab volta a incorrer no mesmo erro, estimando estoques finais superiores aos próprios estoques públicos de arroz. Mantidos dessa forma como estão projetados, a Conab teria que ofertar produto de estoques públicos em leilões de venda antes do final do ano-safra 2009/2010, em fevereiro de 2011, para confirmar essa estimativa. Em janeiro deste ano, a Conab revisou os dados de oferta e demanda de arroz na safra 2008/2009 (e, consequentemente, para 2009/2010), efetuando diversas alterações.

À época, ocorria a mesma coisa: a Conab estimava estoques de passagem para 2010 (estoques finais da safra 2008/2009) de 983,9 mil toneladas, inferiores aos estoques de arroz do governo, de 986,0 mil toneladas. Naquela ocasião, para corrigir o quadro, para o ano-safra 2009/2010 a Conab efetuou mais um corte na projeção de consumo interno. O consumo interno de arroz no ano-safra 2009/2010 foi reduzido de 12,850 milhões de toneladas (base casca), para 12,7 milhões de toneladas (base casca). Para o ano-safra 2008/2009, a Conab revisou o estoque inicial (1º de março de 2009) de 983,9 mil toneladas, para 1,283 milhão de toneladas (+300 mil toneladas). Para isso, a Conab também optou em promover um corte no consumo interno de arroz no ano-safra 2008/2009 (1º/03/2009 a 28/02/2010), de 12,850 milhões de toneladas (base casca), para 12,5 milhões de toneladas (base casca), uma queda de 2,7%.

A Conab terá que promover novas alterações, caso o fluxo de importações e de exportações não sofra nenhuma grande alteração até o final do ano-safra 2009/2010. A produção brasileira de arroz foi novamente reduzida, para 11,236 milhões de toneladas em 2009/2010, contra 12,602 milhões de toneladas em 2008/2009. Os números atuais de Oferta e Demanda, sempre contestados por produtores, industriais, cooperativas e demais agentes de mercado, estimam, para o ciclo atual 2009/2010, um estoque inicial em 1º de março de 2010 de 1,197 milhão de toneladas. As importações foram reavaliadas neste relatório de agosto, de 950 mil toneladas (base casca), para 1 milhão de toneladas. Entretanto, de forma equivocada, as exportações foram reduzidas de 400 mil toneladas, para 350 mil toneladas (base casca) em 2009/2010, quando o mercado aponta para a situação inversa (melhoria do nível de exportações nos últimos meses). O consumo segue estimado em 12,5 milhões de toneladas.

Com isso, os estoques finais foram reduzidos de 604,3 mil toneladas, para apenas 584,1 mil toneladas. Mesmo com o recuo dos preços internacionais do arroz, as exportações devem ultrapassar a projeção da Conab, de 350 mil toneladas (base casca). Como os estoques de arroz em casca em poder do governo atualmente são de 990.898 toneladas, os mesmos superam em 406 mil toneladas os estoques finais projetados atualmente pela Conab. Ou seja, se o governo não vender nada de seus estoques até 28 de fevereiro de 2010 (o que é bastante provável até o momento), faltaria arroz (livre) no mercado antes da entrada da nova safra 2010/2011, em 1º de março de 2011. Evidentemente, se isso ocorrer, os preços teriam forte alta. Ainda assim, os estoques finais não podem ser inferiores aos estoques públicos, enquanto houver a hipótese (mais provável) de que esses não serão vendidos até o final do ano-safra. Portanto, logo, virão mais acertos no quadro de oferta e demanda da Conab.

O governo somente liberaria seus estoques em leilões públicos de venda neste ano-safra 2009/2010 se houvesse um problema de desabastecimento. Neste momento, fica a dúvida aonde a Conab vai “ajustar” os números dessa vez. Se as exportações superarem as 350 mil toneladas (acima do previsto pela Conab) e as importações atingirem 1 milhão de toneladas previstas pela Conab (e não houver desabastecimento no mercado interno, mas somente alta mais forte dos preços), a diferença a ser “corrigida” ficará ainda maior. Se não houver alteração expressiva nos dados de exportação e importação, restará, novamente, a alternativa de alterar números de anos anteriores e/ou reduzir a estimativa de consumo interno de 2010.

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