Estrangeiros de olho no arroz do Brasil
Mais de 95% do cereal exportado pelo Brasil é do Rio Grande do Sul mas, apesar de ser o maior produtor nacional do grão – 7 milhões de toneladas – o estado não tem mais áreas disponíveis para a expansão da lavoura.
Os estrangeiros não estão só vindo buscar o arroz brasileiro – pelo qual estão pagando um prêmio de até 3% em relação ao tailandês – como também estão interessados em investir na produção no País. Egípcios e tailandeses estiveram no Rio Grande do Sul dispostos a comprar terras para cultivar o cereal e aumentar a produtividade média, que hoje está em torno de 7 toneladas por hectare. Aliado a isso, tradings também vão se instalar no País para exportar o grão.
– Eu falo para os produtores que eles não vão se surpreender com vizinho querendo comprar a lavoura, mas por não saber falar a língua daquele que virá adquirir a terra – diz Zélio Hocsman, sócio da Cereais Pampeiro.
Segundo ele, um grupo de tailandeses esteve no estado e iria visitar também fazendas no Uruguai e Argentina, disposto a investir.
– No médio prazo o Brasil vai receber investidores em busca de área e não mais de produto – assegura.
A maior procura pelo arroz brasileiro vai fazer com que o País feche o ano entre os 10 maiores exportadores mundiais. Aliado a isso, segundo o setor, devido à qualidade do produto parboilizado, o estado está recebendo mais que a Tailândia, tradicional exportador.
O assessor-econômico do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Marco Aurélio Tavares, diz que, até agora, o estado vinha recebendo missões de interessados em importar o produto: como a Costa Rica, Irã, Peru e Índia. Mas o grupo Rice, do Egito, esteve no Rio Grande do Sul querendo investir na produção.
Segundo ele, os egípcios estariam interessados em aplicar entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão na compra de terra e instalação de campos experimentais. A idéia seria produzir em áreas de até 200 hectares, visando aumentar a produtividade na região – naquele país a média é de 10 toneladas por hectare.
– Se isso se viabilizar, eles não só abasteceriam o mercado interno, como venderiam para os árabes – diz.
Ele avalia que o interesse se dá porque o Brasil é ainda uma das poucas fronteiras agrícolas mundiais. No Rio Grande do Sul, os egípcios identificaram duas regiões de interesse: a Fronteira Oeste, cujo solo propicia uma produtividade média de 8 toneladas por hectare, e o Litoral Norte, pela alta qualidade do produto. Hocsman lembra que três tradings pretendem se instalar no estado para exportar arroz.
O interesse pela América do Sul se dá porque mais de 90% da produção mundial do cereal encontra-se em regiões com problemas climáticos na Ásia. Hocsman diz que, junto com os tailandeses, recebeu armadores gregos que estariam interessados em investir na logística para a exportação do grão.
Mais de 95% do cereal exportado pelo Brasil é do Rio Grande do Sul mas, apesar de ser o maior produtor nacional do grão – 7 milhões de toneladas – o estado não tem mais áreas disponíveis para a expansão da lavoura.
– Os estrangeiros terão de comprar terras de gaúchos, investir no aumento da produtividade ou então procurar outras fronteiras no País – acredita Hocsman.