Estreitas margens e clima reduzem as projeções da safra 2018 na América do Sul

 Estreitas margens e clima reduzem as projeções da safra 2018 na América do Sul

Continente é superavitário em produção de arroz

Safra 2017 foi abundante, mas área já está caindo para a próxima temporada.

As estreitas margens dos produtores reduzem as primeiras perspectivas para as culturas em 2018. Apenas alguns países da América do Sul ainda devem concluir a temporada 2017. Os últimos números confirmam a participação global positiva da campanha, com melhorias no rendimento, facilitando um aumento de 8% na produção agregada para 25,5 milhões de toneladas em casca (17,3 milhões de toneladas, base beneficiado). Grande parte da recuperação da produção da sub-região concentrou-se no Brasil, embora a Colômbia, a Guiana, o Paraguai e o Uruguai também tenham colhido mais este ano.

Em vez disso, a produção caiu na Argentina, Bolívia, Chile, Equador e Peru limitadas por perspectivas de rendimentos inferiores. Vários produtores sul-americanos já estão ocupados plantando suas colheitas de 2018. As primeiras indicações apontam para plantações na sub-região, possivelmente caindo pela quinta temporada sucessiva, em meio a uma persistente pressão exercida pelos altos custos de produção.

Além disso, embora nenhuma grande preocupação tenha cercado disponibilidade de água para irrigação, chuvas prematuras também colocaram alguns desafios para o trabalho de campo inicial.

ARGENTINA

Estimativas oficiais da safra 2017 na Argentina permanecem fixadas em 1,3 milhão de toneladas (904 mil toneladas, base beneficiado). Este nível representa uma contração de 5% no ano principalmente pelas chuvas prematuras. A área plantada na Argentina diminui de forma constante desde 2014 devido às questões climáticas e à estreita margem de produção. A temporada 2017 não foi uma exceção, com uma área cultivada atingindo um mínimo, em oito anos, de 206 mil hectares.

As primeiras indicações para a temporada 2018, lançadas em setembro, apontam para uma cobertura de área entre estável e menor. Apesar das disponibilidades de água adequadas para irrigação, altos custos de eletricidade e combustível, juntamente com uma intensa concorrência nos mercados internacionais, continuaram a pesar muito sobre as intenções de plantio dos arrozeiros.

BOLíVIA

A temporada de 2017 também foi concluída com resultados negativos na Bolívia. A FAO estima que a produção no país tenha caído 7% abaixo do resultado de 2016 para 380 mil toneladas (261 mil/t, base beneficiado). A redução ocorreu pelos cortes de área promovidos por perspectivas de preços ruins e seca persistente no início da temporada. Estes fatores foram apenas parcialmente compensados por melhorias de rendimento promovidas pela atenuação das infestações de pragas.

BRASIL

Contrariamente à temporada anterior, em 2017 o arroz no Brasil foi semeado dentro da janela de plantio ideal, com boas condições de sol e temperaturas adequadas, promovendo o desenvolvimento da cultura. Embora as restrições de crédito e a concorrência com outras culturas causassem declínio das plantações, o tempo propício permitiu que os rendimentos se recuperassem para um recorde histórico de 6,2 toneladas por hectare.

Como resultado, a colheita brasileira de 2017 é oficialmente avaliada em 12,3 milhões de toneladas (8,4 milhões de toneladas, base beneficiado), 16% acima do desfecho de 2016.

No início da temporada de 2018, em meados de setembro, os preços do arroz no principal estado brasileiro de produção, o Rio Grande do Sul, eram de R$ 743 (USD 235) por tonelada, abaixo do nível médio de R$ 1.000 (USD 316) por tonelada um ano antes e perto do preço de apoio mínimo governamental de 2017 de R$ 699 (USD 221) por tonelada. O setor relata que os custos de produção, entretanto, continuaram a subir, chegando a R$ 6.062 (USD 1.915) por hectare, um aumento de 8% em comparação a 2015/16 e 41% acima dos níveis de 2014.

Esses fatores alimentaram as solicitações setoriais de assistência oficial aos produtores para reduzir as plantações em favor de alternativas mais lucrativas, como a soja. Em resposta, as autoridades anunciaram em setembro que estudariam alternativas para reduzir o custo da energia. Um fundo de R$ 100 milhões (USD 31,6 milhões) também seria utilizado para cobrir compras públicas no caso de os preços ao produtor caírem abaixo dos pisos estipulados para 2017.

Isto é, após a aprovação de julho de um aumento de 3% nos preços mínimos de apoio para a temporada de 2018. Enquanto isso, a primeira visão da CONAB para a próxima campanha mostra que a colheita no Brasil deve variar de 11,8 a 11,9 milhões de toneladas (8,0-8,1 milhões de toneladas beneficiadas) em 2018, com retração de 4-5% em relação a 2017, principalmente nas expectativas de rendimentos que retornam a um nível mais normal.

COLÔMBIA

Na Colômbia, apesar das chamadas do setor para reduzir plantações, a fim de evitar novas pressões de baixos preços, a última avaliação do governo indica que a área plantada para a safra do segundo semestre de 2017 cresceu 5%, para 414 mil hectares. Grande parte desse aumento teria ocorrido nas planícies orientais, onde uma desaceleração na indústria petrolífera local teria encorajado um crescimento do número de pessoas que ocupam o cultivo do arroz.

Considerando que os ganhos na safra do primeiro semestre já foram registrados, a expansão da área agora está prevista para elevar a produção total na Colômbia para 2,9 milhões de toneladas (2,0 milhões de toneladas, base beneficiado) em 2017, 8% acima da safra recorde de 2016 e 330 mil toneladas a mais do que a previsão em julho.

EQUADOR

A temporada 2017 está chegando à conclusão no Equador, já que a colheita secundária (verão) está em andamento. As perspectivas de produção da FAO para o país estão agora fixadas em 1,2 milhão de toneladas (756 mil toneladas, base beneficiado), baixando 80 mil toneladas das expectativas de julho e implicando uma segunda temporada sucessiva de cortes na produção.

A contração anual de 3%r cento refletiria principalmente a redução da área, já que os produtores reagiram a preços pouco atraentes com a diminuição da superfície plantada. No entanto, as chuvas excessivas e as infestações continuadas de pragas também são relatadas como prejudicando os rendimentos da primeira colheita (de inverno).

GUIANA

A segunda safra (outono) da temporada de 2017 já está sendo coletada na Guiana. A FAO manteve 2017 perspectivas positivas para a produção no país em 960 mil toneladas (624 mil toneladas, base beneficiado). Esse nível implicaria numa recuperação anual de 17%, facilitada por condições climáticas normais, o que permitiu que as plantações se recuperassem.

Isto não obstante as margens mais apertadas após a perda do lucrativo mercado venezuelano, bem como danos localizados causados por fortes chuvas.

PERU

Perspectivas no Peru foram prejudicadas por redução da disponibilidade de água para irrigação no início da campanha e sucessivos problemas de inundação, associados ao fenômeno costeiro El Niño. Espera-se que esses fatores se traduzam em uma contração de produção de 6% em 2017 para 3 milhões de toneladas (2 milhões de toneladas, base beneficiado). No entanto, esse nível ainda implicaria uma colheita abundante em geral, já que se espera preços mais atrativos dos arrozais e as melhores condições de crescimento capazes de incentivar os produtores a compensar as perdas de área incorridas no início da temporada.

A esses efeitos, uma pesquisa do governo sobre as intenções de plantio indica que os agricultores peruanos pretendem elevar o cultivo entre agosto de 2017 e julho de 2018 em 5% para 447 mil hectares. O ganho total da área ocorreria apesar das apreensões setoriais em relação ao aumento da concorrência das importações, bem como cortes em algumas das principais regiões produtoras do norte.

Este último diz respeito a San Martin, onde os esforços das autoridades para enfrentar o clima e os resultados de rendimentos afetados por pragas provavelmente resultarão em algumas áreas em pousio.

URUGUAI

A temporada 2017 encerrou com resultados positivos no Uruguai. As plantações foram formadas no tempo ideal, combinadas com temperaturas favoráveis e condições de luz do sol, facilitaram uma recuperação de produção de 8% para 1,4 milhão de toneladas (987 mil toneladas, base em arroz beneficiado). A campanha de 2018 abriu em setembro em condições menos auspiciosas. As chuvas contínuas retardaram os preparativos de campo, enquanto do ponto de vista econômico os arrozeiros indicam que o alto endividamento e os crescentes custos de produção impediram o setor de se beneficiar de condições de exportação favoráveis este ano.

A indústria indica que esses fatores provavelmente resultariam em um corte de 10% em plantações de 2018 para 148 mil hectares, a menos que os custos de energia e combustível diminuíssem e medidas de alívio de crédito fossem tomadas pelo governo uruguaio.

Os pedidos relativos a este último exigiram especificamente que as autoridades aprovem um adiamento de um ano de reembolsos de um fundo fiduciário aprovado em 2016 para auxiliar o setor de arroz. Estes reembolsos atualmente deduzem USD 0,48 por saca de 50 kg dos preços de arroz recebidos pelos produtores.

Com informações do Rice Market Monitor – FAO, outubro de 2017.

Arquivo com a íntegra do relatório pode ser baixado na área de downloads do site. 

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