Estudante da Escola Agrícola de Japoatã desenvolve projeto para cultivo do arroz em sistema agroecológico

 Estudante da Escola Agrícola de Japoatã desenvolve projeto para cultivo do arroz em sistema agroecológico

Francisco dos Santos iniciará a primeira colheita de arroz em sistema agroecológico a partir do dia 8 de março

Técnica iniciada na escola substitui o manejo do arroz com agrotóxicos por cultivo do grão com defensivos naturais.

Uma técnica desenvolvida pela Escola Família Agrícola de Ladeirinhas ‘A’, localizada em Japoatã, tem gerado bons frutos para o cultivo do arroz na região do Baixo São Francisco, em Sergipe. O projeto, desenvolvido pelo aluno do 3º ano do curso técnico de Agropecuária, José Francisco dos Santos, faz parte do trabalho de conclusão do curso técnico na escola, porém ele já pratica o manejo do grão utilizando defensivos naturais em 3 mil m² de várzea no povoado Ponta da Areia, em Pacatuba, município vizinho a Japoatã.

Francisco dos Santos iniciará a primeira colheita de arroz em sistema agroecológico a partir do dia 8 de março. A previsão é que, até outubro de 2017, mais de 4 hectares estejam totalmente cobertos pelo cultivo do arroz em sistema agroecológico. “Tive uma ideia de fazer algo novo, já que a proposta da nossa escola é a utilização de técnicas ecologicamente corretas. Hoje os brasileiros consomem alimentos com 7,3% de índice de agrotóxicos. Quero introduzir esse novo manejo na rizicultura do Baixo São Francisco totalmente sem agrotóxicos”, explicou Francisco.

RESULTADOS

O que antes era uma técnica pouco acolhida pela comunidade de rizicultores da região, aos poucos vem sendo acolhida e transforma-se em um sistema que promete a redenção do cultivo do arroz.

O aluno disse que os resultados com a técnica demostram melhora na qualidade do arroz, além de que poderá gerar mais recursos para as comunidades de rizicultores ribeirinhas, com a produção totalmente certificada como orgânica e com um custo menor.

“Percebemos que no Rio Grande do Sul já fizeram essa experiência e começaram com um hectare. Hoje são mais de 2 mil hectares de cultivo agroecológico, sem adubação química. É bom para todos. A minha família e outras comunidades já pensam em expandir”, destaca.

Segundo o coordenador estadual da Associação Mantenedora da Escola Família Agrícola de Ladeirinhas ‘A’ (Amefal), José Ermício Ferreira Lima Santos, muitos rizicultores não acreditavam na nova técnica e atualmente esses mesmos produtores querem produzir o arroz agroecológico. “Queremos expandir para outras comunidades e está provado que é possível produzir sem agrotóxicos”, ressaltou.

ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA

A unidade escolar funciona em regime de comodato com o Estado, a Associação Mantenedora da Escola Família Agrícola de Ladeirinhas ‘A’, movimentos sociais, a exemplo do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento dos Sem-Terra (MST), da Rede das Escolas de Famílias Agrícolas Integradas do Semiárido Baiano (Refaisa), Caritas Propriá, Embrapa, IFS São Cristóvão e Codesvasf.

Atualmente são 67 estudantes cursando os Ensinos Médio e Técnico integrados. Os alunos ingressam na escola no 1º ano em semi-internato e para terminarem o curso de Agropecuária têm que realizar um Projeto Profissional Jovem (PPJ).

A didática utilizada na escola é a denominada prática pedagógica da alternância, na qual se utiliza uma série de ferramentas práticas. “É um curso técnico de Agropecuária com internato em regime de alternância. A ideia é de que quem ingresse na escola traga demandas da comunidade. Eles têm a contribuição dos professores e retornam para a comunidade com alguma ação proposta na escola”, explicou o coordenador pedagógico da unidade escolar, Carlos Wagner dos Santos.

O monitor-professor da escola, Sérgio Cardoso Borges, disse que além do cultivo do arroz agroecológico, há também outros projetos em desenvolvimento, como o manejo de culturas de combate a pragas, de reaproveitamento de água do banho (águas cinzas) e manejos de solos.

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