Evolução produtiva
Safra revela a eficiência da produção brasileira.
No Rio Grande do Sul há um pro-grama desenvolvido pelo Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), o Arroz RS, que propõe uma produtividade de 7,5 toneladas por hectare de arroz como média do estado até a safra 2010/2011. Em muitas lavouras gaúchas esta média já é superada e, segundo dados do Irga, pelo menos 7,25 toneladas/hectare devem ser colhidas em média no estado já na safra 2008/2009. O RS representa quase 62% da produção nacional de arroz e saltou em sete safras de 5,3 toneladas/hectare para 7,15 toneladas/hectare.
Este crescimento se deu graças a um programa que valoriza a difusão do manejo da lavoura, plantio e controle de pragas e ervas daninhas na época mais indicada, uso correto de fertilizantes e da irrigação. “Só em acertar a época do plantio, a adubação e o controle da irrigação e das invasoras, a eficiência produtiva é outra, mas há outros fatores que interferem positivamente neste avanço e ainda algumas práticas que precisam ser aperfeiçoadas na lavoura”, diz o diretor-técnico do Irga, Valmir Menezes. Sementes mais produtivas e de melhor qualidade de grãos, ou sistemas como o Clearfield, que alia uma semente resistente a um herbicida e permite eliminar as principais ervas daninhas, também recuperaram áreas nobres e ampliaram a resposta da lavoura gaúcha.
TROPICAL – Em ambiente tropical o destaque desta safra é o Mato Grosso. Pela primeira vez em cinco anos, depois de bater na casa de dois milhões de toneladas colhidas, o estado viu sua produção crescer para a casa das 803 mil toneladas, que é 17,5% superior à colheita de 2008, de 684 mil toneladas. O avanço de quase 120 mil toneladas se deve a dois fatores: aumento de área e do resultado obtido pela mudança de sistema de cultivo e de manejo. Com a proibição da abertura de áreas de floresta o plantio do arroz tornou-se uma alternativa para a reforma de pastagens degradadas.
Para isso, centros de pesquisa como a Embrapa Arroz e Feijão desen-volveram novas práticas, como o aumento da adubação nitrogenada na fase inicial da cultura, uma prática desconhecida na região. Ao mesmo tempo Embrapa e empresas privadas da região desenvolveram novas variedades, mais produtivas, mais adaptadas e com melhor qualidade de grão. Por consequência, com melhor remuneração. Destacam-se as variedades Cambará e BRS Sertaneja, que estão assumindo as áreas do tradicional Primavera e do Cirad 141, este praticamente condenado à extinção, já que apesar de muito rústico e produtivo não alcança melhores níveis de qualidade.
Com as novas qualidades é comum obter na lavoura de 52% a 58% de inteiros, quando a média do Mato Grosso não passava de 47% há duas ou três safras. A saída da indústria do Mato Grosso sempre foi importar do Rio Grande do Sul ou do Mercosul arroz de melhor qualidade e misturar em suas marcas. “Vivemos duas crises sérias no Mato Grosso, além da crise econômica: a segregação do Cirad, que foi desclassificado do tipo 1, e a proibição da abertura de novas áreas. Isso obrigou a uma mudança completa de sistema de produção e a cadeia produtiva precisou se unir para buscar a superação pela qualidade. Este é o processo em que se encontra a cadeia produtiva do Mato Grosso no momento”, afirma Joel Gonçalves Filho, presidente do Sindarroz-MT.