Ex-produtores da Raposa/Serra do Sol lamentam descaso das autoridades

Há quase dois anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) obrigou a retirada de produtores rurais, pequenos colonos, empresários e exportadores de arroz com a promessa de indenização e reassentamento, mas até o momento, nenhum dos acordos firmados foi efetivamente cumprido.

Antes da homologação da terra indígena Raposa/Serra do Sol a região era habitada por 17 mil pessoas, entre índios e brancos dentro de uma área de 1,7 milhão de hectares de terras. Um território sob controle quase que total de etnias indígenas de Roraima.

“Hoje o que vimos é a formação da maior favela indígena do Brasil. Fato lamentável e vergonhoso para nosso Estado”, criticou o produtor Ailton Melo sobre o destino de boa parte dos desintrusados. Segundo ele, a maioria foi obrigada a residir nas favelas da capital, por falta de condições mais decentes de moradia. Melo também foi retirado da região e até o momento, não foi ressarcido dos prejuízos.

Há quase dois anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a homologação contínua da terra indígena Raposa/Serra do Sol, obrigando a retirada de não-índios da área indígena. Com a retirada, produtores rurais, pequenos colonos, empresários e exportadores de arroz foram obrigados a deixarem a região com a promessa de indenização e reassentamento, mas até o momento, nenhum dos acordos firmados foi efetivamente cumprido, conforme explica a produtora Regina Barili. “Não temos como recomeçar nossas vidas, pois a decisão do STF nos deixou literalmente sem nada. Ainda não fui indenizada e nem procurada pelas autoridades. Não tenho esperanças de ser reassentada. É triste a situação”.

Na mesma situação estão os produtores Raimundo Cardoso, Edivan Silva, Egídio Faistão, Genor Faccio, Izabel e Nelson Itikwaua e Ailton Melo. As lamentações foram unânimes. Com a decisão do STF, o desemprego e a queda da produção do arroz, principal grão produzido na região, foram consideráveis. “Dispensamos funcionários e inviabilizamos a produção do arroz em Roraima. Perdemos tudo o que tínhamos e agora nossa realidade é assustadora”, lamenta Faccio.

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