Excesso de oferta global deprime preços e reduz plantio de arroz em Corrientes
(Por Planeta Arroz, com Rádio Dos/ARG) Cristian Jetter, vice-presidente da Associação de Arrozeiros de Corrientes (ACPA), alertou que o fenômeno resultará em uma redução de 10% a 15% na área plantada em Corrientes. Embora reconheça que a lucratividade é afetada, ele enfatizou que a unificação cambial e a ausência de impostos retidos na fonte permitem uma atividade exportadora sustentável. Ele também enfatizou que o principal desafio é manter os mercados conquistados na Europa e na América, mesmo em contextos de baixa lucratividade, para garantir a continuidade do setor.
Jetter, descreveu a situação atual do setor arrozeiro em um contexto de excesso de oferta global e queda de preços.
Ele explicou que “estamos vivendo um período de queda nos preços internacionais devido ao aumento da oferta de arroz”, principalmente devido à produção recorde na Índia, o maior exportador mundial. Essa situação se somou a uma boa campanha no Mercosul, onde Brasil, Paraguai e Argentina alcançaram altos níveis de colheita na última temporada.
Diante dessa situação, Jetter previu uma queda na área cultivada em Corrientes. “Estimamos uma redução de 10% a 15% na área plantada de arroz nesta temporada”, observou. A redução afetará principalmente as áreas com menor produtividade e custos de produção mais altos, enquanto os produtores concentrarão seus esforços em fazendas mais eficientes. Atualmente, as chuvas têm permitido o avanço do plantio no norte da província, embora no centro e no sul as chuvas tenham atrasado os trabalhos.
Em relação ao consumo interno, o especialista em arroz observou que “os argentinos consomem relativamente pouco arroz, cerca de 7 quilos por habitante por ano”, com níveis ligeiramente mais altos no norte do país. Ele enfatizou que, apesar dessa tendência, o produto continua acessível nas prateleiras, com um preço competitivo em comparação com outros alimentos básicos.
Vale ressaltar que o arroz, juntamente com o trigo, continua sendo uma das principais fontes de carboidratos no mundo, com forte presença na Ásia e em países da América Latina, como Brasil, Peru e América Central.
IMPACTO DA TAXA DE CÂMBIO E POLÍTICA ECONÔMICA
Analisando o contexto econômico, Jetter enfatizou que a competitividade do arroz argentino é favorecida pela atual política cambial. “Se tivermos um dólar unificado, como é o caso agora, onde há apenas uma taxa de câmbio, é favorável”, afirmou. Ele lembrou que, em anos anteriores, a existência de múltiplas taxas de câmbio e retenções impactaram severamente a rentabilidade do setor, gerando distorções entre o valor recebido pelas exportações e o custo dos insumos importados.
O líder avaliou que, apesar da crise internacional de preços, a situação seria mais crítica sob um sistema de controle cambial. “Se essa queda de preços tivesse nos atingido há dois anos, quando tínhamos taxas de câmbio diferentes, não creio que restaria um único hectare de arroz no país”, afirmou. Nesse sentido, reconheceu que a atual situação adversa “não é consequência da política do governo nacional”, mas sim de fatores globais ligados à oferta e à demanda.
Jetter insistiu que a estabilidade cambial é um fator-chave para sustentar a atividade. “Enquanto o dólar estiver livre e pudermos vender arroz pelo mesmo valor que usamos para comprar fertilizantes e peças de reposição, não há problema”, enfatizou. Em sua opinião, o mercado deve ser regido pela oferta e demanda, evitando a intervenção estatal que causou prejuízos aos exportadores no passado.
DESAFIOS E PROJEÇÃO DE MERCADO
O representante da ACPA também abordou a estratégia de integração internacional do arroz de Corrientes. Em um contexto de excesso de oferta, ele considerou prioritário consolidar os laços já estabelecidos. “Hoje, estamos tentando manter os mercados que conquistamos. Demorou muito para alcançá-los”, explicou, mencionando Europa, Chile, México e vários países da América Central como principais destinos.
Ele observou que, mesmo em cenários de baixa lucratividade, a continuidade das exportações é essencial para manter a presença em mercados exigentes. “Muitas das culturas produzidas hoje não são rentáveis, mas ainda plantamos porque a ideia é manter os mercados que temos”, indicou.
Entre os fatores que fortalecem a integração internacional, ele destacou a capacidade do setor de se adaptar a exigências específicas, como restrições ao uso de determinados agroquímicos ou características especiais do grão.
Assim, Jetter afirmou que a situação atual não implica perda de mercados, mas sim um ajuste na rentabilidade dos produtores. “Não acredito que haverá perda de mercados. Pelo contrário, às vezes é em momentos difíceis que eles ganham força”, enfatizou.
O líder destacou que a maturidade alcançada pelo setor arrozeiro de Corrientes lhe permite enfrentar os desafios internacionais com uma estratégia de sustentabilidade e fidelização de clientes.


