Expectativas positivas
Em termos de produção e nível de exportação, 2025 tende a ser ótimo
A produção brasileira de arroz deverá registrar um salto na safra 2024/25. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que o volume colhido atingirá 12,14 milhões de toneladas — crescimento de 14,8% em relação à safra anterior. O avanço, segundo o analista de mercados de arroz da Conab, Sérgio Roberto Santos Jr., é impulsionado pela expansão da área plantada, resultado direto dos preços elevados pagos aos produtores no momento do plantio. A isso se soma um cenário climático favorável nas regiões produtoras, o que garantiu a produtividade.
Apesar do aumento na produção, o consumo interno deverá permanecer estável. A Conab manteve a projeção de 10,5 milhões de toneladas para o consumo nacional em 2024 e, em 2025, o volume que segue alinhado à média dos últimos cinco anos. No entanto, sabe-se que não há estudo concreto sobre a demanda, mas projeções para o fechar o quadro de oferta e demanda.
No comércio exterior, o organismo governamental aponta um cenário de recuperação. “Em 2023/24, as exportações de arroz devem cair para 1,4 milhão de toneladas, pressionadas por preços internos acima das paridades de exportação, oferta limitada no mercado doméstico e pela retomada da produção nos Estados Unidos”, destacou nota da estatal. “No entanto, para 2024/25, com o aumento da oferta nacional e uma possível queda nos preços internos, as exportações brasileiras deverão voltar a crescer, podendo alcançar dois milhões de toneladas”, projetou.
Esta, sim, seria uma grande notícia, considerando que o Brasil fechou a sua janela “ótima” para exportações com déficit na balança comercial, pois não consegue competir com os países vizinhos pelo mercado cativo da América Central e da América do Norte, no caso do arroz em casca. Em setembro começa a colheita norte-americana, e a concorrência será ainda mais acirrada. Em dezembro, os estoques remanescentes do Mercosul começam a ser liquidados, o que oferece novo risco às estimativas favoráveis da balança comercial e aos preços internos.
As importações deverão se manter estáveis nas duas safras (2023/24 e 2024/25), com 1,4 milhão de toneladas cada.
ESTOQUES
No entanto, essa combinação de produção em alta e consumo estável deverá fazer com que os estoques finais de arroz no Brasil aumentem. A expectativa é que, ao fim do ano comercial 2025/26, em 28 de fevereiro de 2026, cheguem a 1,6 milhão de t, o maior volume dos últimos anos. E esta não é uma boa notícia ao setor produtivo. Ao consumidor, sim, um alto volume de estoques e de oferta no mercado deverá garantir preços estáveis e acessíveis.