Exportação de arroz cresce em março, mas recua no 1º trimestre
(Por Correio do Povo) As exportações brasileiras de arroz (base casca) apresentaram alta em março, na comparação com o mesmo mês do ano passado. O embarque total foi de 104,4 mil toneladas. No primeiro trimestre, porém, o desempenho foi inferior a igual período de 2020, com 207,7 mil toneladas (30 mil toneladas a menos). Senegal, Gâmbia e Peru foram os principais destinos.
O diretor de Assuntos Internacionais da Abiarroz, Gustavo Trevisan, ressalta que o desempenho de março pode ter sido um rescaldo das vendas externas do ano passado, quando houve uma demanda superaquecida. Segundo ele, o ano passado foi considerado atípico, por ter beneficiado em muito a exportação do cereal produzido no Brasil. Mesmo assim, os embarques do grão beneficiado ficaram abaixo do que a indústria gostaria, conforme o dirigente.
A projeção da Abiarroz é de que as exportações fiquem em 1,5 milhão de toneladas em 2021, menos do que o ano passado, que registrou 1,8 milhão de toneladas. “Não vai ser fácil, mas estamos trabalhando para isso”, ressalta Trevisan. Ele destaca ainda que o Brasil é um país relativamente novo no cenário da exportação de arroz, com dez anos de atuação. Mesmo assim, já foram alcançados cerca de 90 países neste período.
O diretor comercial do Irga, João Batista Camargo Gomes, ressalta que um dos fatores que dificultaram a exportação foi uma maior competitividade de países concorrentes, com postura agressiva no mercado internacional e preços mais baixos. No entanto, ele acredita que os embarques devem crescer no segundo semestre. “As perspectivas são animadoras”, resume. No Rio Grande do Sul, a perspectiva é de uma colheita positiva, o que permite um mercado abastecido. “Tem que haver algum movimento de exportação para que esse arroz não fique represado no segundo semestre”, observa Gomes.
Quanto aos preços, a tendência é de que não haja queda no mercado interno, independentemente do comportamento das exportações. Gomes afirma que o arroz “mudou de patamar” no ano passado, quando a matéria prima saiu de R$ 50,00 a saca e passou para mais de R$ 100,00 (hoje está em R$ 87,00). O preço médio do arroz beneficiado custa de R$ 4,50 a R$ 5,00 o quilo. “É um valor que ainda mantém o arroz como um dos produtos mais baratos do orçamento familiar”, justifica o diretor do Irga. “Acreditamos em uma estabilidade até o final do ano”, acrescenta Trevisan.
Já a importação deve cair em 2021, tendo em vista que a perspectiva é de uma safra maior. Além da produção, Trevisan afirma que o câmbio também deve inibir as compras de arroz importado. No mês passado, o desempenho da balança comercial voltou a ser superavitário após quatro meses, com saldo de 30 mil toneladas.